Por thiago.antunes
Rio - O desequilíbrio das tarifas de ônibus, alegado por empresas e pela prefeitura, após a redução das tarifas ocorrida em junho, em resposta às manifestações de rua, além dos impactos na renovação da frota, já acende a luz amarela para os motoristas e cobradores. Enquanto as companhias avisam que não terão recursos para os reajustes do dissídio do ano que vem, os rodoviários são firmes e garantem que vão cobrar um piso de, pelo menos, R$ 2 mil, o que equivale a mais de 10% de aumento.
“Não é só o aumento do salário que está correndo risco. O emprego dos profissionais também. E os problemas trabalhistas não serão apenas no Rio. Estamos falando de uma realidade que vai se estabelecer no país inteiro”, afirma o presidente da Rio Ônibus (Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro), Lélis Marcos Teixeira.
Em 1º março%2C o Rio amanheceu com os ônibus nas garagens devido à greve dos roviários por reajuste salarialCarlos Eduardo Cardoso / Agência O Dia

Os efeitos desse desequilíbrio já apareceram em algumas empresas. No fim de setembro, por exemplo, funcionários das empresas Rio Rotas e Andorinha, que são responsáveis por cerca de 30 linhas na Zona Oeste, chegaram a paralisar o serviço por causa de atrasos nos pagamentos de salários. Porém, para o presidente do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Urbano do Município do Rio (Sintraturb), José Carlos Sacramento, é, no mínimo, um absurdo as companhias alegarem falta de recursos.

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“Nem o INSS e o FGTS estão depositando. Eles podem se preparar para uma greve geral caso não haja aumento. Vivem dizendo que estão sem dinheiro e que falta motorista. É claro, se não tem salário não vai ter gente trabalhando. O dissídio está previsto para junho. Ainda não fizemos a conta de quanto deve ser o reajuste, mas já posso adiantar que vamos defender um piso superior a R$ 2 mil”, informou.
Atualmente, o piso da categoria é de R$ 1.779,00. Isso depois de um aumento de 10% que ocorreu em março. “Em São Paulo, por exemplo, ninguém ganha menos do que R$ 2 mil. E ainda vamos exigir que as empresas paguem assistências médica e odontológica”, garantiu.
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Associação de usuários diz que desequilíbrio das tarifas é desculpa
O presidente da Associação dos Usuários de Transportes, Marcelo Santos, diz que é contra o reajuste das tarifas e não acredita na falta de recursos do sistema. “Estou cansado deste papo de empresário e de político. Está faltando é gente com conhecimento técnico nas secretarias”, reclama. Santos questiona ainda a informação de que a renovação de frota estaria comprometida por causa das tarifas.
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“Ah, conversa fiada. Eles já falam isso faz tempo. Se fosse assim, no tempo que os aumentos aconteciam, já era para toda a frota estar com ar condicionado, né?”, disse, reclamando que os ganhos com o menor consumo de diesel (resultado do avanço tecnológico) não foi repassado às tarifas. A Rio Ônibus informou que a Taxa Interna de Retorno (TIR) dos consórcios são: Intersul, 10,02%; Internorte, 9,23%; Transcarioca, 10,22%; e Santa Cruz, 6,36%. Nenhuma delas chega ao teto de 12% ao ano, previsto em contrato.
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