Por thiago.antunes
Rio - Com o aumento da quantidade de turistas na cidade, os problemas do sistema de informações nos transportes públicos, sobretudo dos ônibus, ficaram ainda mais evidentes. O DIA foi verificar nas ruas e constatou que a tarefa de pegar uma condução em um trajeto não conhecido, já difícil para o carioca, é uma verdadeira aventura para quem não fala português. 
Este é o caso das amigas neozelandesas Alice Malvar e Martha Read, ambas de 22 anos. Em visita de uma semana ao Rio, após três meses viajando por outros países da América do Sul, elas se esforçavam, na semana passada, com gestos e poucas palavras em espanhol, para tentar voltar ao albergue, na Lapa, após um dia de praia em Copacabana. 
As neozelandesas Alice (esq.) e Martha se queixam que as informações nos pontos não são claras. Nesta parada na Lapa%2C sequer há os números dos ônibus que passam no localAndré Balocco / Agência O Dia

“Alguns pontos têm os números das linhas, mas, mesmo assim, não há um mapa mostrando por onde o ônibus passa. Na Nova Zelândia, em Wellington, onde moramos, há um mapa em cada ponto, mostrando o caminho de cada linha, que tem uma cor diferente”, reclamou Martha, enquanto tentava se equilibrar em pé no veículo que se inclinava em uma curva da Praia do Flamengo. “Aqui, os motoristas dirigem feito loucos também”, acrescentou a turista.

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Outra diferença para o país delas: “Lá, você tem o horário dos ônibus nos pontos e você não precisa ficar esperando. Se você sabe que vai demorar 10 ou 15 minutos, pode ir tomar um café ou fazer outra coisa”, diz Alice. Apesar de já estar na sua segunda visita ao Rio, o inglês Michael Spurgoin, de 40 anos, também reclama. “Os motoristas, apesar de não entenderem inglês, se esforçam para ajudar. Mas não é fácil. Não tem informação sobre as linhas nos pontos”.

O francês Charles Bouchet desistiu de usar os ônibus cariocas. “Vim da Rodoviária para Copacabana, à noite, e foi assustador. O motorista apostava corrida com outro”, contou o turista, que, agora, só usará o metrô.

Em Botafogo%2C na Zona Sul%2C o ponto do BRS teve o adesivo com as linhas que passam no lugar arrancado João Laet / Agência O Dia

Sistema de informações é estratégico, diz especialista

A professora de Engenharia de Transportes da Uerj, Eva Vider, afirma que um bom sistema de informações é fundamental para melhorar a mobilidade urbana. “Isso é estratégico porque faz as pessoas usarem as opções mais adequadas do transporte público para cada deslocamento. Mas estamos ainda engatinhando nisso. Se, às vezes, para os cariocas já é difícil, imagina para um turista”, disse a professora, avaliando que as ferramentas de orientação pela internet são uma tendência, mas que não substituem a necessidade de informações impressas pela cidade.
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Em uma rápida ronda em Copacabana e Botafogo, O DIA encontrou painéis de informações arrancados e informações desatualizadas, com linhas que não existem mais.
Rio Ônibus diz que está renovando
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A Rio Ônibus, associação das empresas de ônibus da cidade, responsável pela sinalização dos pontos, informou que está renovando o sistema de informação visual, em um cronograma inicial nos corredores BRS. A entidade lembra também que oferece online o serviço “Vá de ônibus”, com linhas e trajetos. Além disso, afirmou que avalia disponibilizar sinalização bilíngue e que oferece curso básico de inglês, de um mês, para os funcionários.
Sobre as reclamações da forma como alguns motoristas dirigem, a Rio Ônibus declarou que já capacitou 5 mil motoristas, que passaram por oficinas educacionais e que, até o fim do próximo ano, todos os 17 mil profissionais terão sido treinados. Segundo a entidade, os passageiros podem contribuir enviando avaliações dos motoristas pelo programa “No Ponto Certo”, que oferece aplicativos gratuitos para smartphones na internet.
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