Por tamyres.matos

Rio - Após prever que 2013 seria o pior ano do trânsito da história do Rio, o secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, avisa agora aos cariocas que o martírio deve continuar no primeiro semestre de 2014. Porém, segundo ele, a melhoria nos engarrafamentos da cidade começará a ser sentida na Zona Norte, após a inauguração do BRT Transcarioca, que será feita por partes, entre março e junho. Osório promete que a obra será uma “revolução” nos transportes da cidade.

Na entrevista concedida na quinta-feira, à tarde, em seu gabinete, ainda com as olheiras causadas por acompanhar nas ruas a organização da saída do Réveillon de Copacabana, até às 8h da manhã do dia 1º, o secretário prevê que os eventos que mais deverão tirar seu sono em 2014 serão o fechamento do trecho remanescente da Perimetral, dia 21, o início do BRT Transcarioca, e, claro, a Copa do Mundo. Ele anunciou também a expansão das faixas do BRS nas zonas Norte e Sul.

Osório afirma que martírio no trânsito do Rio deve continuar no primeiro semestre de 2014Alexandre Vieira / Agência O Dia

ODIA: Ano passado, o senhor disse que 2013 teria o pior trânsito da história do Rio. O que esperar para 2014?

OSÓRIO: O carioca pode esperar um primeiro semestre difícil porque ainda temos muitas obras importantes em andamento na cidade. Porém, até junho, antes da Copa do Mundo, teremos uma grande entrega no sistema viário e de transportes, que é o corredor Transcarioca. O impacto positivo vem não somente por causa do fim das obras nas ruas, como também pelo início da operação do BRT (serviço de ônibus articulado em pistas segregadas), ligando a Barra ao Aeroporto Internacional. Isso vai melhorar o transporte público em toda a região cortada pela via, que incluiu Jacarepaguá, Madureira, Vicente de Carvalho, Penha, Olaria, Ramos.
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Esses bairros sofreram muito, ao longo deste ano, com os impactos das obras, que já estão com 85% concluídas. O início da operação será por trechos, de março até junho. Então, teremos três a quatro meses de boas notícias para essa parte do coração do Rio de Janeiro<MC3>. O BRT Transcarioca será uma revolução no sistema de transportes, com a reorganização de todas as linhas de ônibus da região.
Tem ideia de quantas linhas serão modificadas ou extintas?
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Não tenho ainda esse número aqui, mas as linhas passarão a ser alimentadoras do sistema de transporte de massa, que é o BRT.
E a Perimetral, o que esperar de impacto no trânsito a partir do próximo dia 21, quando será fechada o último trecho?
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Bom, os estudos ainda estão em andamento. A gente vai ter o fechamento da parte remanescente, entre a Praça Mauá e o Aterro, porém, estamos na fase final dos estudos viários e de transporte para fazermos uma apresentação pública. Ainda não posso adiantar.
Mas estamos a menos de 20 dias do fechamento. O senhor não acha que os estudos já deveriam estar prontos e a população informada das mudanças?
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Não. Estamos fazendo a mesma divulgação que fizemos na primeira fase. Estamos no período de festas de fim de ano. Nossa população está, justa e merecidamente, comemorando. Há muitos cariocas fora do Rio. Então, aproveitamos esse período para fazer as últimas medições. E pode ter certeza que as pessoas vão ser avisadas com a antecedência necessária. Ainda não temos uma data, mas vai ser muito em breve.
E a Avenida Rio Branco, vai se transformar mesmo em via de mão dupla só para táxis e ônibus?
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Essa é uma possibilidade que estamos estudando, mas o plano ainda não está completamente fechado.
O pior impacto da derrubada da Perimetral, então, ainda está por vir?
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O impacto da interdição do primeiro trecho era mais desafiador, porque fazia parte do principal eixo de entrada do Rio, ali no entorno da Rodoviária Novo Rio. Não era um problema apenas nas vias fechadas, Perimetral e Rodrigues Alves, você tinha um impacto imediato na Avenida Brasil, na Ponte e na Francisco Bicalho. Influenciava todo o fluxo de chegada da Região Metropolitana à cidade. Este segundo fechamento vai se dar já no Centro, onde o fluxo de veículos já está distribuído. Mas claro que também vai representar um grande desafio e estamos conscientes e nos preparando com todas as técnicas possíveis. Evidentemente, vamos precisar, da mesma maneira, do apoio do carioca, dando preferência ao transporte público e ao uso de vias alternativas.
Além do Transcarioca, que outro projeto vai ajudar a melhorar a mobilidade neste ano?
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O que vai marcar mesmo o sistema de transporte é o Transcarioca. Porém, teremos também a conclusão da ligação do BRT Transoeste, de Santa cruz a Campo Grande. Além disso, vamos acelerar intensamente a expansão do BRS (sistema de faixas seletivas de ônibus). Na Zona Sul, vamos inaugurar primeiro a ligação da Praia de Botafogo ao Humaitá, nos sentidos de ida e volta (Voluntários da Pátria e São Clemente) e vamos expandir as faixas para Flamengo, Laranjeiras, Catete e Glória. Na Zona Norte, vamos levar o sistema para o Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel, e para a Avenida Dom Hélder Câmara. Acabamos de inaugurar, nesta semana, na Marechal Rondon.
Essas faixas de ônibus não estão muito interrompidos, sem continuidade por toda a cidade?
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Às vezes, temos de interromper em um trecho, porque temos um limitador que é ter pelo menos três faixas de rolamento na via.
E o Aterro do Flamengo, não terá faixa exclusiva?
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Ainda não sentimos necessidade. Vamos implementar, quando o BRT Transbrasil (que ligará Deodoro ao Aeroporto Santos Dumont) ficar pronto. Será um corredor expresso para a ligação da Zona Sul ao Transbrasil.
Já que o senhor falou nesta obra, devido ao atraso na licitação, ela não mais ficará pronta para as Olimpíadas?
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O prefeito (Eduardo Paes) já declarou esses dias que o Transbrasil não é um compromisso para as Olimpíadas. É uma obra fundamental para a cidade, mas não é um compromisso para os Jogos. Estamos ainda trabalhando no projeto do segundo trecho a ser licitado (do Caju ao Centro), mas ainda não temos prazo. (O primeiro trecho, de Deodoro ao Caju, deve ter a licitação concluída em março e um prazo de obras de 30 meses, portanto só deve ficar pronto em novembro de 2016). Esse segundo trecho é bem menor do que o primeiro trecho e pode ser concluído em menos tempo.
E as reclamações sobre os transportes na volta do Réveillon de Copa. Há risco de se repetirem nos eventos ou jogos da Fifa?
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Os eventos da Fifa não fazem nem cosquinhas se comparados com o Réveillon. O maior evento que a Fifa possa organizar na praia de Copacabana ou qualquer outro jogo não vai ter nem 10% ou 15% do público do Réveillon, de 2,3 milhões de pessoas. E a nossa avaliação é positiva da operação do Ano Novo. Melhorou muito. Há três anos, uma pessoa levava até três horas e meia para sair de Copacabana. Eu acompanhei a operação nas ruas até 8h da manhã. Andei três vezes da Praia aos terminais de ônibus montados em Botafogo e levei menos de 20 minutos em cada vez. O tempo médio de fila para embarque nos ônibus foi de 12 minutos.
E que eventos vão tirar seu sono em 2014?
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Acho que a gente vai ter certamente um momento complexo na Perimetral. A Copa do Mundo também será um grande desafio. Teremos sete jogos e toda a imprensa mundial estará ancorada aqui. Mas a prefeitura já está preparada. Tivemos a melhor avaliação da Fifa na Copa das Confederações. Outro momento é a implementação do BRT Transcarioca, que vai exigir a rearrumação de linhas. Mas eu gosto de acompanhar tudo nas ruas, durmo pouco mesmo. Gosto de conversar com quem está na operação, com os motoristas de ônibus...
Falando em assuntos de tirar o sono, quando sairá o aumento das passagens de ônibus?
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A posição oficial do prefeito é aguardar o pronunciamento do Tribunal de Contas do Município para tomar qualquer decisão. Então, até lá, nada muda.
As empresas de ônibus entraram na Justiça para pedir o reajuste. Isso muda algo na decisão?
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A prefeitura não vai se posicionar sobre isso até sermos comunicados oficialmente e tivermos amplo acesso ao teor dessa ação. A Justiça está em recesso. Então, enquanto a prefeitura não souber do que se trata, seria precipitado emitir opinião.
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