Rio - O uso de drogas por motoristas profissionais de vans, ônibus e caminhões está na mira das autoridades. O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) começa, no mês que vem, a homologar os laboratórios que farão os testes antidrogas nos condutores que forem tirar ou renovar as carteiras de habilitação nas categorias C, D e E.
O exame deve ser feito com amostras de cabelo e aponta o uso de entorpecentes em um período de meses ou até anos, dependendo do comprimento do fio (a média de crescimento de cabelo é de um centímetro por mês). O teste está previsto na resolução 460, aprovada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) em janeiro, e que deveria entrar em vigor em junho. Entretanto, como a homologação dos laboratórios ainda não foi feita, não há uma data definida para que os departamentos de trânsito estaduais passem a pedir o exame.
A exigência é polêmica e o próprio Ministério da Saúde foi contrário à medida, mas foi voto vencido no Contran. Especialistas também questionam a eficácia na redução de acidentes, que é o objetivo da medida. “O teste de cabelo é feito em cima de cada centímetro que o fio cresce por mês. Então,como detectar se o uso da droga foi em momento em que teve potencial de provocar um acidente?”, questiona a bioquímica Cristina Pisaneschi, lembrando que o motorista pode começar a usar drogas após obter a habilitação. Para ela, o teste deveria ser feito pelas empresas de transporte nas seleções de motoristas e em avaliações periódicas.
Os exames custam cerca de R$ 290 (estimativa do Ministério das Cidades, a quem o Denatran está subordinado) e terá de ser pago pelos motoristas. Além disso, há as demais taxas, como a de R$ 107, para mudar de categoria, de B para C, D ou E.
O presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha, disse ver com “bons olhos” a resolução. “É uma prevenção importante e procura defender a vida”, afirmou. O Detran do Rio informou que vai aguardar a homologação do Denatran para credenciar laboratórios e iniciar a exigência.