Rio - A cada dia, 20 assaltos em ônibus são registrados no Estado do Rio, 95% deles na Região Metropolitana. Somente na aapital, o crime aumentou de 679 registros no primeiro trimestre de 2013 para 1.220 casos entre janeiro e março deste ano, um crescimento de mais de 79%. Há um ano, com os dados já em alta, a Comissão de Segurança da Alerj pediu ao governo que reforçasse o efetivo do Grupamento de Policiamento Transportado em Ônibus Urbano (GPTOU), que era de cerca de 100 PMs. O incremento veio tímido, da ordem de 40 policiais, já que somente a capital precisa dar conta de 3,5 milhões de passageiros por dia. É como se cada PM do GPTOU fosse responsável por 25 mil passageiros de ônibus.
“Em matéria de policiamento ostensivo, a proporção de um policial por 350 a 400 habitantes é satisfatória e acima de 500, deficitária", explica José Vicente da Silva,ex-secretário Nacional de Segurança Pública e coronel da PM de São Paulo.

O resultado da equação é simples. “Já fui assaltado diversas vezes. No último assalto que presenciei, quando eu ia de Madureira para Vaz Lobo, os bandidos limparam quase todos no ônibus. Eu estava de terno e eles devem ter pensado que eu era pastor ou advogado, duas categorias que eles procuram muito, e me pouparam”, conta com ironia o corretor de seguros Neilton Ferrer, de 65 anos.
Somente na semana passada, dois assaltos a ônibus causaram pânico em passageiros no Rio. Na sexta-feira, um ônibus que seguia da Ilha do Governador para o Centro foi assaltado na altura da Ilha do Fundão e um passageiro chegou a ser agredido pelos bandidos fortemente armados, até com explosivos. Um dia antes, a barca que faz o mesmo trajeto bateu na Estação Cocotá e suspendeu o serviço. “Parece que tinha que acontecer. Só pego a barca porque me sinto mais segura, mas justamente quando vou de ônibus, acontece isso. Parecia um filme de terror, aquela granada e arma ameaçando a gente o tempo inteiro. Espero que a barca volte logo a funcionar porque não quero pegar ônibus de novo”, lembrou na 21ª DP (Bonsucesso), onde o caso foi registrado, uma vítima que não quis se identificar.

Dias antes, um ônibus frescão foi assaltado na Estrada dos Três Rios, próximo à Estrada do Bananal, na Freguesia, Jacarepaguá. Segundo uma das vítimas, foram momentos de pânico com um dos criminosos fazendo ameaças a todo momento. Um tiro chegou a ser disparado dentro do ônibus.
Resultados são tímidos
?Criado em 2006, o GPTOU parece ter se transformado em grupamento fantasma. Ao contrário dos primeiros anos de atividade, são raras as blitz de PMs do grupamento — que paravam os ônibus, entravam, pediam licença aos cidadãos, explicando que era para a segurança deles, e revistavam suspeitos. “Nunca mais vi isso acontecer. E olha que ouvi relatos até de ataques de menores que pulam na janela para roubar celulares de passageiros distraídos”, recorda o administrador de empresa João Carlos Fonseca, 51.
Em defesa da atuação do GPTOU, a PM enviou uma nota com o balanço do grupamento nos quatro primeiros meses deste ano. Segundo os dados, foram presos 94 adultos, apreendidos 20 menores, um revólver e 85 cargas de drogas. A produtividade do GPTOU, porém, fica pequena se comparada à de três batalhões da própria PM no interior em três meses de 2015. O 28º BPM (Volta Redonda) apreendeu 289 cargas de drogas; 61 armas e prendeu 338 adultos. Os efetivos do GPTOU e dos batalhões são similares. O 10º BPM (Barra do Piraí) prendeu 165 adultos; recolheu 34 armas e fez 184 ocorrências com entorpecentes. Na pequena Nova Friburgo, o 11º BPM prendeu 124 pessoas e recolheu 194 cargas de drogas, além de 36 armas.