Por felipe.martins

Rio - ‘Prazer, eu sou o Wanderson e quero saber como posso ajudar a melhorar os transportes da cidade’. Foi assim que, aos 13 anos, o comunicativo Wanderson Nogueira, hoje com 16, começou a se encontrar com outros jovens para discutir os desafios da mobilidade urbana. Além dele, Victoria Roza, 19, e Fábio Roza, 28, representaram a juventude carioca no maior congresso mundial do setor, realizado em junho pela União Internacional dos Transportes Públicos (UITP), em Milão, na Itália, e ganharam até menção honrosa.

Os três fazem parte de um grupo de 150 moças e rapazes entre 15 e 29 anos, de 12 municípios do Rio, que assumiram uma missão: propor e cobrar melhorias para os transportes públicos. Além de se reunirem regularmente para debater o tema, produzem um jornal exibido nas TVs dos ônibus. Os encontros são promovidos através do projeto “Diálogo Jovem sobre Mobilidade”, criado em 2012 pela Fetranspor e apelidado de “DJ”.

Wanderson%2C Victoria e Fábio%2C do projeto Diálogo Jovem%2C foram premiados no Congresso da UITP na ItáliaCarlo Wrede / Agência O Dia

A garotada se tornou uma fiel representante da sociedade e recebe reclamações para levar a autoridades e empresas de ônibus. Eles se comportam quase como ‘secretários de transportes júnior’. “Volta e meia falamos com o diretor de uma empresa de ônibus assim: ‘Oh, a sua empresa está prestando um mau serviço’ e ouvimos dele o que vai fazer. O secretário (estadual de Transportes, Carlos Roberto) Osorio já esteve sentado com a gente e perguntamos: ‘E aí, Osorio, como está aquela obra?’”, conta Fábio.

Victoria relembra uma ocasião em que eles alertaram ao BRT sobre um elevador quebrado e, na semana seguinte, o defeito tinha sido resolvido. “O jovem faz pressão porque tem menos medo de errar e arriscar e, com isso, muito mais chance de ter sucesso. O jovem chega e fala: ‘Dá para mudar tudo. Basta vocês quererem, e a gente quer’”, diz a estudante de jornalismo.

Aluno do curso de formação de professores, Wanderson garante que as queixas do grupo são sempre atendidas. “Nunca a gente se reuniu com empresário ou governante e eles não deram jeito no problema”, orgulha-se o garoto.

Sugestões de tendências globais

De volta ao Rio, os jovens apresentaram, em um fórum, tendências que viram no congresso e na viagem. Os ônibus elétricos, que não poluem e são silenciosos, ganharam destaque. “Não tinha barulho dentro do ônibus. Você podia conversar melhor com as pessoas”, observa Victoria.

“Um aplicativo de celular em Milão mostra as possibilidades de integração. Você sai do metrô e sabe que ônibus pode te levar para seu destino e os próximos horários”, ressalta Fábio.

Segundo Marcia Vaz, gerente de Responsabilidade Social da Fetranspor, o objetivo do prêmio ao qual o DJ concorreu na UITP é reconhecer programas sobre mobilidade com jovens. Interessados em participar do projeto podem entrar em contato no Facebook (facebook.com/DialogoJovem).

Ônibus elétrico para o Rio

A BYD, fabricante chinesa que se prepara para inaugurar uma fábrica em Campinas (SP) em setembro, informou que estuda fornecer ônibus elétricos para empresas do Rio, em um projeto futuro de ligar a Zona Sul e o Centro em corredor exclusivo de coletivos.

“Estamos tentando viabilizar esse projeto com o Consórcio Intersul para que os ônibus possam operar com o mesmo custo operacional sem impactar a tarifa”, afirma Adalberto Maluf, diretor de Relações Governamentais e Marketing da BYD Brasil.

O secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, confirma que novas tecnologias estão sendo estudadas para um projeto piloto. “Tudo que for evolução para minimizar os efeitos de poluentes é de interesse da prefeitura, mas os custos ainda são altos e o projeto depende de financiamento também.”

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