Por claudio.souza

RIO - Os pagamentos em dinheiro das passagens nos ônibus do Rio estão cada vez mais raros. Das 4,25 milhões de viagens realizadas em um dia útil na cidade, 78% já são validadas com bilhetes eletrônicos. No caso do Bilhete Único Carioca (BUC), o número de deslocamentos integrados pelo cartão passou de 9 milhões, em 2010, para 155 milhões, em 2014, aumento de 1.622%.

Maria das graças pede que haja mais pontos de recarga para cartõesUanderson Fernandes / Agência O Dia

Apesar de não ter prazo definido, a prefeitura tem a meta de ampliar à totalidade das operações o uso de cartão eletrônico no transporte público. “A implementação de 100% de bilhetagem eletrônica é uma tendência nacional do sistema, uma vez que torna o embarque mais rápido, eficiente e seguro”, aponta a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR).

De acordo com os dados da SMTR, entre as viagens executadas em dias úteis, 60% são pagas com cartão. Além disso, as gratuitades, que representam 18% das viagens, também são validadas por meio eletrônico. Apenas 22% são pagas em espécie.

Apesar de elogiarem a conveniência e economia proporcionada pelo BUC ou pelo Bilhete Único estadual, alguns passageiros reclamam da escassez de pontos de recarga. “Meu cartão está sem crédito, porque não consegui ainda recarregá-lo. Agora, vou ter de usar dinheiro e gastar mais, pagando duas viagens”, reclama a atendente de loja Maria das Graças de Araújo, 30, em Copacabana.

Coordenadora de Marketing e Comunicação da RioCard, Melissa Sartori ressalta que os principais benefícios são o controle dos gastos por parte do passageiro e empresas empregadoras, maior agilidade nos embarques (já que o motorista ou cobrador não precisa dar troco), descontos tarifários proporcionados nas integrações e a segurança aos usuários, que não precisam movimentar dinheiro nos coletivos.

Segundo Melissa, algumas ações já estão sendo tomadas para aprimorar e universalizar o sistema. “Estamos buscando evoluir em algumas questões, como a da gratuidade, afinando a forma de verificação dos cartões, com testes de biometria em alguns municípios, para que o benefício só seja usufruído por quem tem direito. Vamos intensificar também a divulgação dos postos de recarga. E já temos 688 ônibus com dupla roleta para agilizar o embarque”, diz ela.

BILHETAGEM ELETRÔNICA REDUZ ROUBOS

A cidade de Campinas, em São Paulo, reduziu drasticamente o número de assaltos a ônibus quando passou a exigir bilhete eletrônico para embarque nos coletivos, desde outubro do ano passado.

Em 2014, foi registrada uma média de 35 assaltos por mês na cidade. Em janeiro deste ano, nenhuma ocorrência criminosa foi registrada nos ônibus do município. Do início do ano até junho, a média mensal está em quatro casos.

O diretor administrativo e institucional da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Marcos Bicalho, ressalta que a bilhetagem eletrônica evita que o motorista acumule as funções de dar troco e dirigir, já que o mercado vem eliminando a figura do cobrador.

O sistema de bilhetagem eletrônica foi implementado em 40 municípios do Estado do Rio de Janeiro, que representam 85% da população fluminense, segundo a Fetranspor. Nenhum deles alcançou ainda 100% das passagens de ônibus. Ao contrário de outros estados do país, o mesmo cartão pode ser usado em qualquer cidade.


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