Por bferreira
Rio - Há dez anos era uma ousadia, quase um sonho. Hoje é realidade nacional com resultados inquestionáveis. O nosso estado, através da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), teve a coragem de implantar, de forma pioneira no país, a política de cotas para o ingresso no Ensino Superior.
Em uma década, apesar da polêmica, os números revelam que a universidade pública passa por profunda e positiva transformação. Os estudantes cotistas responderam com responsabilidade à oportunidade de acesso ao Ensino Superior. O percentual de alunos que abandonam os estudos na Uerj, por exemplo, é de 20% entre os cotistas, e bem maior, 33%, entre os não-cotistas. Muitos destes são os primeiros em suas famílias a chegar à universidade e sabem, exatamente, o que isso significa. É o caso do estudante de Ciências Sociais da Uerj Élbio Ribeiro, que em debate sobre o tema na Escola do Legislativo contou que ao passar no vestibular a pressão em casa e sua responsabilidade só aumentaram. Antes mesmo de concluir o curso, Élbio já inicia trabalho social em comunidades, com objetivo de compartilhar o conhecimento adquirido.
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As cotas, hoje realidade nas universidades federais do país, realizam uma revolução social e transformam também a própria universidade. Essas unidades têm a missão de dar aos cotistas condições para o pleno aproveitamento do curso.
Como citou o professor André Lázaro no mesmo debate, a reserva de vagas não representa a reparação da dívida referente às injustiças do passado, profundas e impagáveis. Elas são, de fato, aposta no futuro. É assim que teremos médicos, advogados, educadores e todos os outros profissionais oriundos de famílias pobres, famílias negras, da escola pública e com os instrumentos necessários para criar um Brasil menos desigual.
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Deputado estadual pelo PT e coordenador da Escola do Legislativo do Rio de Janeiro