Rio - Envereda por perigoso caminho o movimento popular quando sobressaem imagens de quebra-quebra, de encapuzados e de prejuízo. O saldo do ato de quarta-feira no Leblon e em Ipanema não poderia ter sido pior. Para a população, ficou a destruição no rastro dos vândalos. Frise-se muito bem que, a essa altura, indiferem as motivações para a arruaça, que podem ser várias. É importante brecá-la, e o freio precisa vir de todos os lados — manifestantes e sobretudo poder público.
OS PROTESTOS JÁ NÃO arrastam um milhão de pessoas. Atraem, infelizmente, pequena fração disso. Quando bandidos — de novo, independentemente de mando e de intenção — se infiltram no agora enxuto grupo que ainda se dispõe a reclamar, a chance de a opinião pública ficar contra o movimento é imensa. Perdem-se tempo e saliva numa controversa e inconclusiva ‘guerra midiática’ na qual os distintos lados tentam gritar com mais força.
DEVE HAVER CONSENSO em relação à ação de vândalos. Assim como ocorreu no dia 17 de junho, na Alerj, é estranha a demora da polícia em conter os surtos de depredação. A arruaça se torna ainda mais inexplicável se comparada à violenta reação da PM no ato do dia 11, em Laranjeiras, onde pareceu que o estoque de gás lacrimogêneo era infinito.
É O CASO DE ACABAR com as máscaras. Até agora, o artefato só serviu para encobrir malfeitos e jogar a opinião pública contra um movimento legítimo. Manifestantes devem rechaçá-los, e a polícia, em ação de inteligência cirúrgica, identificá-los antes que se cometam os atos de horror. Não é assim que o Brasil vai mudar.