Rio - O diretor-financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, admitiu ontem que a empresa tem “trabalhado intensamente” por ajuste dos preços dos combustíveis. Barbassa apresentou o balanço do segundo trimestre da empresa, mostrando que o efeito dos reajustes deste ano resultaram em alta de 13% no lucro operacional, frente ao primeiro trimestre, para R$ 11,1 bilhões.
A sequência de elevação nos preços da gasolina e do diesel este ano levou a área de refino da companhia ao menor prejuízo em dois anos: R$ 2,5 bilhões no segundo trimestre de 2013. Mesmo assim, a empresa pressiona o governo por novos aumentos, preocupada com os efeitos do câmbio nos gastos com importação de combustíveis no terceiro trimestre do ano.
A Petrobras não abre seus números, mas a consultoria Tendências calcula que a disparada do dólar na virada do semestre elevou a defasagem do preço da gasolina para 32,5%. No caso do diesel, a diferença entre os preços internos e a cotação internacional é de 26,9%.
A empresa fechou o trimestre com R$ 51 bilhões em caixa, quase o dobro do registrado no trimestre anterior. Mas tem compromissos com investimentos de valor semelhante até o final do ano.
CRÍTICA A CONTROLE DE PREÇO
Criticado por investidores, o controle dos preços dos combustíveis tem participação importante no combate à inflação, pondera o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
“Dado que a Petrobras é uma empresa estatal, e os investidores sabem disso desde o momento em que compram as ações, porque não usá-la no controle à inflação?”, questiona ele.
“Ninguém ainda parou para contabilizar qual seria a redução do crescimento se a inflação tivesse subido mais”, completa, lembrando que a gasolina é o segundo item com maior peso no IPCA, com 4,20% de participação.
Aumento da gasolina pesa na inflação
Para o economista da Gradual, André Perfeito, um reajuste de 5% no preço da gasolina resulta em alta de 0,20 pontos percentuais na inflação. É por este motivo que o consultor da Tendências Walter de Vitto diz que o governo deveria autorizar apenas reajuste no preço do diesel este ano. “No cenário atual, com os protestos nas ruas, não vejo aumento da gasolina. Mas no caso do diesel, o impacto na inflação é mais diluído”, argumenta.
Reportagem de Nicola Pamplona