Por bferreira

Rio - É através de nossa identidade que nos percebemos, nos vemos e queremos que nos vejam. É um conceito que evolui e se desenvolve, tanto pessoal como coletivamente. A identidade profissional é um processo evolutivo de interpretação e reinterpretação de experiências. Desse ponto de vista, identidade é a resposta à pergunta “o que quero vir a ser?”. É no mínimo nebulosa a visão que se tem quando se pensa na identidade do professor.

A morte da escola como ‘redentora das mazelas sociais’ fez morrer junto a figura do professor enquanto aquele que professa a verdade e fez nascer a necessidade de reconstrução da própria identidade. Tudo isso, somado aos processos de desvalorização socioeconômica e ‘flexibilização’ da sua formação, resultou num verdadeiro desmantelamento da identidade profissional.

Os discursos que vêm sendo veiculados a respeito da necessidade de reconstrução da identidade do professor são, no mínimo, contraditórios. Prega-se que os mestres devem desenvolver a autonomia escolar exatamente no mesmo momento em que os parâmetros com que se espera que trabalhem, e mediante os quais serão avaliados, estão sendo cada vez mais padronizados.

A reconstrução da identidade docente precisa estar respaldada na crença da possibilidade. Essa crença se constrói através da formação continuada e da troca de experiências. Outro fator essencial para a ‘ressurreição’ do professor é a ressignificação do seu fazer. O professor precisa desconstruir sua prática, a partir de vivências de novos caminhos. É claro que tudo isso sem a justiça salarial não passa de puro discurso. Esse ‘renascimento’ passa por adotar uma postura interativa de construção conjunta do saber. Passa por abrir mão de ‘professar a verdade’ e arriscar-se na seara da dúvida.

Professor e autor, em parceria com Sandra Bozza, do livro ‘Professor — vida , morte e ressurreição”

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