Por adriano.araujo

Rio - Na semana passada, foram os 52 anos da renúncia do presidente Jânio Quadros, num dos episódios mais impressionantes de nossa história republicana. O político, que surgiu em São Paulo pelo equívoco de suas elites, então poderosas, era um demagogo, homem totalmente sem escrúpulos, dotado, entretanto, de formidável poder de comunicação com o povo. Assim foi prefeito da capital paulista, governador do estado, deputado pelo Paraná e, finalmente, em 1960, presidente da República. Cada eleição por um partido diferente.

Seu comportamento pessoal entrou para a história do Brasil, com mil e um episódios inacreditáveis, como o encontro que forçou com JK, no Guarujá, quando ambos estavam cassados. O caso foi magistralmente narrado no recente livro de Rodrigo Lopes, de curiosidades da vida nacional, que testemunhou como genro e leal companheiro de JK.

Homem de sete fôlegos, no ano seguinte, tentou voltar ao governo de São Paulo, mas foi derrotado por Adhemar de Barros, de quem se fez inimigo apenas com fins eleitorais. Mas voltou ainda à política com a anistia ampla, geral e irrestrita do presidente João Figueiredo e disputou a prefeitura paulista em 1985. E venceu FHC, que chegou a tirar retrato na cadeira de prefeito. Dotado de bom humor, Jânio, ao assumir, tirou uma fotografia espanando a cadeira.

Lembrar esses fatos, de certa forma recentes, pois as testemunhas estão aí, vale muito para se avaliar candidatos a cargos no Executivo pelas suas credenciais de administrador e não pelo poder de comunicação ou a ousadia do mentir e prometer. Afinal, agora mais do que nunca deve valer o refrão de que “o povo não é bobo”.

Aristóteles Drummond é jornalista

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