Por bferreira

Rio - Vou receber a Medalha Tiradentes na Alerj, nesta quinta, às 18h30. Espero todos vocês lá, porque deve ser algo engraçado e interessante, pois nada que me envolva pode ser considerado normal ou morno. Vai pegar fogo no congá, já que eu sou do barro remexido e da pá virada. É gritaria, babado e confusão. Tomara que o deputado Chiquinho da Mangueira não se arrependa de tal outorga, e que a bela cerimonialista Marcilene Moraes consiga conter os sambistas, que vão levantar a poeira.

Homenagens são sempre bem-vindas, acho bacanérrimo, mas olho-as com parcimônia. Que bom que me achem merecedor, mas é fundamental manter os pés no chão. Nem melhor nem pior que ninguém. Por ora a maré tá boa, mas o revés sempre é possível, portanto jamais acreditemos que somos os tais. Cheguei à Rodoviária Novo Rio em 1982, tomei um banho naquele banheiro, que era fétido, e parti para alugar uma vaga no apartamento da dona Meiry, em Copacabana, o que tinha achado assim que abri o classificados do “alugam-se vagas”. Tinha pegado o Ita no Norte e descido para o sul maravilha em busca de oportunidades de trabalho, mas acima de tudo eu queria poder respirar sem me preocupar com o que meus pais ou parentes iriam achar. Eu queria liberdade, ser eu, sem aparas ou arestas.

Quanto a serviços prestados à cultura do Rio no Brasil e no exterior, ufa, cansei! Muita coisa pra contar: trouxe Bidu Sayão para a Marquês de Sapucaí, fiz narrações pela TV de folclore e Carnaval, viagens ao exterior para representar nossas escolas de samba, aulas em universidades, mas... o que mais gosto é meu trabalho de rua: na Saara, meus trabalhos na Praça do Mascate e no asfalto da Presidente Vargas, há cinco anos apresento o Dia de Zumbi dos Palmares. Nada me deixa mais feliz que o povo da rua! Fora isto, adoro o trabalho de diretor artístico da Cidade do Samba, onde posso receber turistas que buscam a pegada de Carnaval fora de época.

No mesmo dia e hora, minha divina professora Rosa Magalhães (meu pós-doutorado na Escola de Belas Artes é sobre ela, com orientação de Helenise Guimarães e Samuel Abrantes) receberá o diploma do Mérito (que sobra nesta Mestra), porque a medalha ela já ganhou há tempos. Na mesa estarão Jorginho Castanheira, presidente da Liesa, a divina Celia Domingues da Amebrás, o amado comunicador Roberto Canázio, a drag queen e doutora pela UFRJ Samille Embaixatriz Cunha e Rosinha Garotinho. As músicas que escolhi foram Fatumbi, da Ilha 98, Bidu Sayão e o Canto de Cristal, da Beija Flor 95, e Kizomba Festa da Raça, com a Vila 88. Acho que só o encontro das baterias já vale a medalha. Estou esperando vocês!

E-mail: chapa@odia.com.br

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