Por thiago.antunes

Rio - O poeta Vinicius de Moraes sempre foi plural, tanto no que se refere às suas múltiplas atividades culturais quanto por seu nome. Ele dizia, com muita graça, que se não fosse plural se chamaria Vinicio de Moral. E a moral é muito relativa, acrescentava com fina ironia.

Plural no fazer, na diversidade, no ato de viver, Vinicius ostentou uma trajetória memorável. Desde os anos 1930, fazendo-se simultaneamente poeta e jornalista, chegou a exercer crítica de cinema, quando se abriu para mais uma empreitada: a defesa do cinema mudo.

A preferência pela música popular já se manifestava desde os bancos escolares do Colégio Santo Inácio, com o foxtrot ‘Loura ou Morena’, musicado e cantado pelos Irmãos Tapajós. O nome da música indicava a constância (e a indefinição) pelas tantas mulheres e musas futuras. Fundador da Bossa Nova, Vinicius foi o pai do movimento e padrinho de seus filhos.

O diplomata Vinicius seria defenestrado do Itamaraty pela brutalidade do AI-5, rotulado como “poetinha vagabundo e esquerdista”. Logo ele, tão plural, tão fazedor do belo e do eterno.
Creio que as homenagens aos seus 100 anos de nascimento se iniciaram em 2010, quando foi promovido a embaixador pelo presidente da República. Fui testemunha desse ato de justiça e também colaborador para que isso ocorresse.

Encarreguei-me, pelo Instituto Cravo Albin, de colher abaixo-assinado com mais de 3 mil nomes, destinado ao Itamaraty através da Fundação Alexandre de Gusmão, presidida pelo embaixador Jeronimo Moscardo. Agora, quarta-feira, o maior cenáculo cultural do país, a Academia Brasileira de Letras, presta-lhe reconhecimento.

O projeto MPB na ABL leva ao palco da principal as cantoras Miúcha e Georgiana de Moraes (filha do Poeta), que desfiarão histórias e músicas de Vinicius. Ou seja, ao invés da discursalhada, ele será revisitado com aquilo de que mais gostava: papo descontraído, amigos e música. Só fica faltando o uisquinho..

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