Por tamyres.matos

Rio - Em meados do século 19, quando o costureiro inglês Charles Frederick Worth, considerado o Pai da Alta Costura, começou a utilizar homens e mulheres na apresentação de suas peças para a realeza, introduzindo o conceito de coleções ao lançar sucessivamente novas linhas, ele promoveu a mudança nas tendências e criou o que chamamos de desfiles de moda. Já próximo ao fim do século 20, o universo fashion passou a ganhar parte da atenção da imprensa. Jornais, revistas e televisão faziam uma ponte entre as tendências, os luxuosos desfiles e o restante da sociedade, que, mesmo sem pronto acesso, demonstrava paixão pelo assunto.

Após os anos 2000, com o potencial econômico do setor alavancado, o mundo da moda tornou-se mais um holofote midiático. Desfiles televisionados, modelos, notícias na internet, e o acesso a esse universo foi praticamente instantâneo. Mas, independentemente dessa evolução midiática, desde os tecelões, passando por Worth e chegando a Karl Lagerfeld, consagrado estilista da Chanel, no quesito informação a evolução foi zero.

Apenas baseadas no gênio criativo de seus estilistas, as marcas de consumo de moda foram elaborando peças e as despejando no mercado. Nunca houve de fato organização de dados e informações para conhecer o público, entendê-lo e então desenvolver coleções sobre medida. Tamanha desorganização também é marcada pela falta de termômetro real sobre o que os fãs acham de cada marca, e qual o verdadeiro motivo que determinadas peças de uma coleção não emplacam.

Falta informação, faltam análise das marcas e engajamento das pessoas com suas peças, identificar hábitos de consumo, criar produtos baseados em informações. Ao contrário da época de Charles Worth, onde meia dúzia de costureiros estilistas ditava moda, hoje esse poder está nas pessoas, nas redes sociais e suas informações. É hora de ouvir essas vozes, é hora de organizar e informatizar o mundo da moda.

Flávio Pripas é sócio-fundador da rede social de moda Fashion.me

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