Por bferreira

Rio - A repercussão negativa ao episódio recente dos óbitos em recém-nascidos ocorridos na Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda nos leva a uma reflexão sobre o que vem ocorrendo no Município do Rio em relação à atenção ao parto e nascimento. Nos últimos anos, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio desenvolveu uma política consistente de aumento dos leitos para parto e de UTI materna e neonatal, incorporou hospitais estaduais e inaugurou novas maternidades, aumentando sua participação para mais de 45% dos partos em 2012. Com isso, houve redução da taxa de mortalidade neonatal nas unidades municipais, passando de 16,6 para 8,5 óbitos por 1000 nascidos vivos, valor semelhante ao das unidades particulares 8,2 por 1000.

Estas conquistas são, em grande parte, fruto de investimentos em tecnologia, da criação de central de regulação de leitos, qualificação profissional e fechamento de leitos de unidades conveniadas com o SUS para o atendimento das gestantes cariocas e de outros municípios vizinhos. Além disso, foi criada a “Cegonha Carioca” em 2011, que inspirou o programa nacional, e passou a oferecer transporte seguro para as gestantes.

O modelo de atenção adotado nas maternidades municipais incorpora a enfermagem obstétrica como parte da equipe que atende ao parto, semelhante ao que é praticado nos países desenvolvidos. Valoriza-se a prática do parto vaginal e a redução das intervenções obstétricas desnecessárias como a episiotomia, restringindo as cesarianas aos casos com indicação. Sobre os óbitos dos recém-nascidos ocorridos na Maternidade Maria Amélia, eles estão sendo investigados, como é norma na Secretaria Municipal, e as suas causas serão conhecidas e divulgadas à sociedade, em coerência com os preceitos do direito à informação das mulheres e suas famílias.

Pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz

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