Rio - Passei 18 meses preso vítima de uma armadilha montada pelo poder paralelo e político da Rocinha. Quando fui preso era integrante do Conselho Estadual de Direitos Humanos. Há seis meses, deixei a prisão por decisão do Tribunal de Justiça que nesse momento julga recursos que apresentei contra a decisão da vara criminal. No mês passado, reintegrado ao Conselho Estadual de Direitos Humanos, fui visitar os presos no complexo de Bangu.
No Brasil, a (alta) taxa de reincidência criminal, se situa em torno de 70%. A falta de oportunidades reserva basicamente uma única opção ao ex-presidiário: voltar a infringir a lei quando retorna ao convívio social. Apesar de ser uma exigência para a ressocialização, as atividades laborais e os cursos profissionalizantes estão longe de ser uma realidade. Estudos mostram que aproximadamente 76% dos presos ficam ociosos. Em todo país, apenas 17%% dos presos estudam na prisão – participam de atividades educacionais de alfabetização, Ensino Fundamental, Médio e Supletivo.
Todavia, trabalhar ou estudar na prisão diminui as chances de reincidência em até 40%. Dar um tratamento digno ao preso, propiciando-lhe trabalho e educação, além da inserção no mercado de trabalho, é uma forma de combater o crime. Por isso, quero destacar a importância dos conselhos e instituições que atuam na área dos direitos humanos de participarem ativamente das visitas e fiscalizações ao sistema penitenciário. Pois sabemos que as dificuldades são grandes, mas acreditamos na ressocialização do ser humano.
Hoje ao escrever esse texto expresso minha felicidade por estar novamente fazendo o que sempre fiz — ajudando meus semelhantes . Misturou-se a alegria à dor e com ela a esperança de mudanças para um sistema penal mais justo e de ressocialização.
Vice-presidente da Associação dos Pais e Amigos dos Detentos do Rio e membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos