Por bferreira

Rio - A presidenta Dilma Rousseff não teria sido pega de surpresa com as revelações de que o Planalto é espionado pelo governo dos Estados Unidos se a sua assessoria fosse mais atenta às novas estratégias da Casa Branca após a queda do Muro de Berlim e o desaparecimento da União Soviética.

As transmissões por satélite reduzem o nosso planeta às dimensões de uma pequena aldeia. Esse olho instantâneo que nos permite ver, do Sul da América, o momento em que ocorre uma enchente na China, produz profundas modificações na estratégia militar, que hoje utiliza drones – aeronaves não tripuladas – para bombardear supostos terroristas.

Que as guerras são sujas todos sabemos. O complicador é quando telespectadores dos quatro cantos do mundo assistem ao procedimento criminoso das forças militares de países que se gabam de não agir como Hitler. E agem exatamente como os nazistas: segregação étnica, sequestros, torturas, confinamento territorial, invasão de propriedades etc.

No Irã, na China ou em Cuba, há pessoas convencidas de que o símbolo da democracia é um McDonald's em cada esquina e, portanto, suscetíveis de serem mobilizadas pelo poder informativo dos EUA. Entenda-se: pela versão estadunidense dos fatos.

Agora, com a proliferação de redes sociais e a conexão propiciada pela internet, dilatam-se os espaços democráticos na China. Através do “poder suave”, os EUA podem projetar sua ideologia, sua cultura, seu modelo de democracia, suas instituições sociais e políticas.

A internet é outra arma nada desprezível. Informação globalizada, por enquanto, é isso: uma versão que se impõe como a única e se julga a verdadeira. E é precedida por inescrupulosa espionagem eletrônica, doa a quem doer.

Escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser, de ‘Conversa sobre a fé e a ciência’

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