Por bferreira

Rio - Os jornais noticiaram a disputa entre a diretoria do Flamengo e o Ministério Público, em torno ao preço dos ingressos para a segunda partida das finais da Copa do Brasil, a ser disputada entre o time rubro-negro e o Atlético Paranaense.

Reagindo à fixação de preços estratosféricos pelo Flamengo, o MP recorreu à Justiça, que, num primeiro momento, determinou a diminuição dos valores cobrados. Posteriormente, porém, acolheu recurso do Flamengo e este voltou a fixar os preços a seu bel-prazer.

Deixando de lado questões de natureza jurídica, há outra: a relação dos clubes com seus torcedores e, em última instância, do próprio futebol com seu público.

É preciso dizer: se as partidas se transformarem em espetáculos essencialmente televisivos, com estádios vazios, até mesmo o espetáculo televisivo será afetado.

Além disso, se quem gosta de futebol perder o hábito de ir aos estádios, a tendência é que diminua o número de torcedores de times brasileiros. Afinal, se a relação com os times é pela TV, por que não optar pelo Barcelona ou pelo Bayern Munique?

A diretoria do Flamengo raciocina de forma imediatista e apenas em termos de mercado. Para ela, a decisão de elevar os preços se mostra acertada porque os ingressos estão sendo vendidos.

Para os cartolas, enquanto houver gente disposta a pagar mais caro, os ingressos devem subir de preço.

Mas, a boa venda de ingressos a preços estratosféricos não demonstra que o aumento foi decisão acertada. Quando muito atesta que, na torcida do Flamengo, há gente com poder aquisitivo alto.

Mas amanhã, quando for preciso o apoio dos torcedores hoje alijados do estádio devido ao alto preço dos ingressos, talvez não se possa contar com eles.

Para prejuízo do Flamengo e do futebol.

Presidente da Comissão da Verdade do Rio e da Comissão dos Direitos Humanos da OAB

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