Política de reajustes diferenciados cria mais distorções no sistema, com aumentos maiores para quem ganha o mínimo e menores para acima disso
Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - A revisão para cima da expecativa de vida dos brasileiros, passando de 74,1 para 74,6 anos, em pesquisa do IBGE divulgada na semana passada, é uma boa notícia e revela o acerto de programas de saúde, que aumentam a longevidade da população na terceira idade. Mas para por aí. O Brasil sobe em importante indicador social, mas eleva a sua dívida com os aposentados do INSS. Sobretudo com os trabalhadores em vias de se aposentar. Esses, com mais tempo de vida, terão de pagar mais para receber valores cada vez menores de seus benefícios.
Fórmula, que mistura tempo de contribuição, idade e sobrevida do segurado, o chamado Fator Previdenciário virou fator de discórdia em análise no Congresso. Criado desde 1999 para desestimular aposentadorias precoces, só evidencia mais discrepâncias.
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E não é só o fator. A política de reajustes diferenciados cria mais distorções no sistema, com aumentos maiores para quem ganha o mínimo e menores para acima disso. Por conta desse desequilíbrio, levantamento mostra que quem se aposentou há dez anos pelo teto de dez mínimos hoje recebe pouco mais de seis salários.
É justificável que, num momento em que a crise financeira bate à porta de vários países, o Brasil lance mão de medidas austeras. Mas essa conta tem que ser paga por todos. Já passa da hora de se dar um basta à rapinagem que perversos instrumentos promovem somente a uma faixa de aposentados. Eles não querem privilégios. Só o justo pelo que contribuíram a vida inteira. O Congresso não pode mais adiar essa questão.