Por nara.boechat
Rio - Vi dia desses uma tirinha da Mafalda em que ela fazia uma interessante reflexão sobre o fato de todas as pessoas esperarem pelo Ano Novo com tantas expectativas. Mafalda imaginava que, na verdade, o Ano Novo é que devia esperar pessoas renovadas, e não o contrário. Toda vez que vai se aproximando o fim de ano, lembro-me dessa tirinha e ponho-me a refletir sobre o quanto estou ‘renovado’ para o ano que se aproxima.
Numa analogia bem direta, podemos imaginar as expectativas de renovação que o Ano Novo está tendo com relação à Educação. Numa elucubração de final de ano, imaginemos as expectativas do ano que se aproxima.
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Comecemos pelo desejo de que tenhamos um ano letivo sem interrupções de greves, que comece, flua e termine com muitas aprendizagens significativas para todos: alunos, professores, gestores e governo. Alunos aprendendo significativamente os conteúdos, professores aprendendo novas formas de ensinar, gestores aprendendo a gerir estrategicamente e governantes aprendendo a garantir todos os investimentos necessários na área. Que essas aprendizagens traduzam-se em ações, desde boas notas nos boletins até aumentos reais e dignos de salário para o Magistério.
O Ano Novo espera que não tenhamos incidentes de violência escolar e que nessa área só haja notícias de avanços, melhoria de índices, reformas e inaugurações de novas escolas e bibliotecas. Que os programas de aceleração de aprendizagem sejam bem-sucedidos, diminuindo sensivelmente as distorções idade-série nas turmas regulares. Que os professores adoeçam menos e, como consequência, que despenquem os índices de licença por motivo de saúde. Que saltemos pelo menos de 1% para 25% de nossas escolas com laboratórios de ciências em plena utilização. 2014 espera aulas mais motivadoras e professores mais integrados, buscando sanar suas dificuldades metodológicas e relacionais através da troca entre eles. Espera, igualmente, formações continuadas bem estruturadas pelos gestores escolares e para que os professores possam, acima de tudo, refletir sobre suas práticas, obtendo daí melhorias em suas atuações e consequentemente maior satisfação em sua profissão.
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Se renovações e melhorias não acontecerem, de nada adianta desejar “feliz Ano Novo para a Educação, assim como de nada adianta desejar que o Ano Novo nos traga coisas novas se continuarmos sendo as mesmas pessoas.
Júlio Furtado é educador e escritor