Por tamyres.matos
Rio - Quando a gente tem coragem de olhar bem para a realidade ao nosso redor até se assusta, não é? Parece que todo mundo só faz alguma coisa à espera de retorno. Toda e qualquer atitude tem por trás um desejo de reconhecimento, a espera de alguma gratidão, o angariar de um benefício.

Vivemos numa sociedade que fomenta a expectativa de receber algo em troca, bem nos padrões capitalistas de consumo. Será que ainda há quem ache contentamento no próprio ato de oferecer a si mesmo, um dom ou mesmo um bem material ao outro?
Vamos perceber o que a Palavra de Deus nos ensina: “Há maior alegria em dar do que em receber” (At 20,35). Por que será que a Bíblia nos diz isso? É uma afirmação de que a recompensa da doação é a alegria. É como que um esclarecimento de que o próprio ato comporta em si a felicidade para quem o pratica... E, no entanto, as pessoas têm buscado loucamente a felicidade, sem saber como ou onde encontrá-la...

A ‘Oração da Paz’, popularmente conhecida como ‘Oração de São Francisco’, nos leva a pedir a Deus a graça de procurar consolar, compreender e amar mais. Sabe por quê? “Pois é dando que se recebe.”
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O olhar, um sorriso ou uma palavra de um irmão agradecido proporcionam uma alegria enorme em nós. E eu afirmo: isso tem a capacidade de mudar até a nossa forma de encarar a vida! Recentemente, uma pessoa que vive nas ruas se aproximou de mim para vender doce e eu não estava com dinheiro algum para ajudá-la. Eu apenas olhei aquele rapaz nos olhos e disse: “Desculpa, meu irmão, mas tô sem dinheiro agora.” Sabe o que ele me respondeu? “Não tem problema. Você já me deu a coisa mais importante deste dia: foi o único que me olhou nos olhos, não teve medo de mim e até se desculpou por não poder ajudar. Ou seja, você me tratou como gente. Não existe nada mais doloroso do que sofrer o tempo todo o desprezo das pessoas. Você não comprou a bananada, mas me lembrou que eu não sou lixo, recuperou a minha dignidade de ser humano.”
Nunca mais vou esquecer desse homem! Eu não dei nada material, que era o que, na minha concepção, ele mais precisava, mas eu dei o que estava ao meu alcance: meu olhar, meu sorriso, minha atenção. E a recompensa foi esse aprendizado, que vou levar para o resto da vida! É sempre assim quando a gente não espera nada em troca. Há sempre uma surpresa que nos alegra.
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E mais: “Quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará” (Mt 6,3-4). Deus vai recompensar, porque Ele é bom! Mas nem essa certeza pode vir à frente da caridade que praticarmos. Barganhar ou negociar com Deus é coisa que não convém mesmo!
Eu já aceitei me entregar nas mãos de Deus para que Ele me use, do jeito que ele quiser, quando e com quem desejar, simplesmente pela certeza de que esse alguém é importante, já que, em Cristo, é meu irmão. E você, está disposto a se lançar a viver a gratuidade do seu ser e ter? Então, ‘tamu junto’!
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