Por thiago.antunes
Rio - A relação do Rio de Janeiro com seu principal aeroporto, o Galeão-Tom Jobim, está deteriorada há muito tempo. Faz anos que se ouvem queixas de desconforto generalizado; às reclamações, a Infraero sempre respondia com promessas de obras e pedidos constrangidos de paciência. O ano da Copa do Mundo chegou, porém, com exemplos inequívocos do descuido no terminal internacional.
A despeito do verão bastante severo, a refrigeração é quase inexistente, o que faz dos saguões saunas nauseantes. Há goteiras em diversos pontos, quando chove mais forte. E agora surgem falhas graves de segurança, como o vão pelo qual uma menina argentina despencou — e felizmente se recuperou.
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Recentemente realizou-se a licitação para a concessão das operações do complexo à iniciativa privada. Uma empresa de Cingapura, com ampla experiência em gestão de aeroportos, faz parte do consórcio vencedor do certame — que deu ao governo, diga-se de passagem, inesperada margem de lucro. No entanto, a transferência, que só será concluída em outubro, jamais poderia eximir a Infraero de suas responsabilidades. O que se vê e o que se vive todos os dias no Tom Jobim, porém, depõe gravemente contra a reputação da entidade.
Muitos entoam a ladainha do “Imagine na Copa!” para trombetear o caos no Galeão e nos demais aeroportos do Brasil. Mas o país nunca deveria precisar sediar este ou qualquer evento de grande porte para ter terminais decentes. Nenhuma desculpa justifica, por exemplo, cadeirantes terem de se equilibrar na escada rolante porque quase todos os elevadores do Tom Jobim estão escangalhados.
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A pane dos ascensores também impõe a passageiros com mais malas espera irritante — nos saguões quentes — ou malabarismo nas escadas. As obras, lentas, nivelam por baixo os dois terminais; não se sabe qual deles é o mais desconfortável. E o ‘novo’ faz 15 anos em julho. O acidente da menina argentina deveria acender o alerta vermelho para um mutirão urgente de melhorias mínimas, bem diferente do vagar burocrático que dita a interminável e cara ‘reforma’ para a Copa.