Por thiago.antunes
Rio - Não se deve crucificar um dono de faculdade por visar ao lucro. É legítimo operar para captar recursos e, com o montante, reinvestir na instituição, para que ela cresça e se desenvolva. No outro extremo, porém, não se pode achar normal universidades definharem. Cifras à parte, são, na essência, entidades que disseminam o saber e formam profissionais, e não biroscas que lidam com estoques e promoções-relâmpago.
Nesse contexto, é prudente a decisão do Ministério da Educação de punir a Gama Filho e a UniverCidade, outrora expoentes do ensino, que vêm passando por uma triste e inexplicável decadência. É preciso, contudo, conduzir esse processo, naturalmente traumatizante, com a máxima cautela.
Publicidade
As duas casas são responsáveis, hoje, por cerca de 10 mil alunos e 1.500 empregados. Nos áureos tempos, tiveram o dobro de matriculados. A decisão do MEC praticamente decretou a dissolução dos centros, que prometem recorrer. Mas, estranhamente, os mantenedores pouco fizeram para conter a crise — que já vem de muitos anos —, pontuada por longas greves de docentes e pelo sucateamento das instalações.
Os alunos, com razão apreensivos, precisam de todas as garantias de conclusão dos cursos, ou terão desperdiçado dinheiro e sobretudo tempo em formação que, aos olhos do MEC, não vale nada.
Publicidade
O Ensino Superior no Brasil ainda é um gargalo incômodo. Somente um décimo da população brasileira entre 25 e 64 anos de idade passou por uma universidade. Dentro desse microcosmo, a rede privada é, disparado, a maior formadora de carreiras, com 80% do mercado.
O governo, a bem da verdade, aos poucos aumenta o acesso a esse universo, com o Prouni e o Fies, e tenta ampliar as vagas nos centros sob sua responsabilidade. Mas, ao mesmo tempo, está ciente dos padrões mínimos de qualidade que se esperam de toda instituição. Sinaliza descontentamento com a suspensão do vestibular e, agora, dá passo largo, descredenciando grandes escolas. Que não se perca em afobações.