Por thiago.antunes
Rio - Os rolezinhos estão aí. É uma maneira de representar insatisfação com todas as situações reprimidas emocionalmente, independentemente de categorias sociais, etnias ou escolaridade. Os jovens estão na rua! O perigo é como estão reivindicando os seus espaços.
Na adolescência, é natural a autoafirmação diante da sociedade e dos pais; os jovens desafiam o tempo todo seus limites. Pesquisas demonstram que as estruturas — a cerebral e a mental — estão em pleno desenvolvimento maturacional nessa fase de vida.
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Para que esses processos aconteçam, dependem dos fatores internos e externos do corpo, do psíquico e do meio onde o indivíduo está inserido socialmente, para que se promova um cérebro capaz de pensar e refletir sobre as consequências dos comportamentos impulsivos. A família, a escola — como instituição de educação formal e não formal — e o governo necessitam de um maior diálogo para prevenir essas situações de total desordem que a sociedade está atravessando.
Existe a necessidade de se reconhecer a emotividade envolvida implicitamente nos jovens. Há tendências às angústias e aos sofrimentos devido a uma inadaptabilidade correlacionada ao contexto que os jovens vivem hoje. Provavelmente pela falta de referências, demonstram insatisfações através de manifestações agressivas, sem a menor preocupação com perdas e danos que possam causar, numa falta de maturidade cognitiva e emocional.
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Confrontos sempre existiram; porém, devido à velocidade das informações pela internet, tudo fica mais rápido, e principalmente sem um representante de liderança. Com isso, acaba tornando-se uma ebulição de agressividade sem fim entre todos os envolvidos.
Fica claro que a figura de um líder é fundamental para estruturar e organizar a racionalidade humana. A emoção negativa gera a impulsividade negativa e promove a agressão que está relacionada com a posição em que o indivíduo se situa.
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É necessário desenvolver a escuta dos jovens, saber e reconhecer quais seus desejos e anseios, para que se possa promover um diálogo saudável, reconhecendo limites éticos, afetivos, emocionais e racionais.
Marta Relvas é psicanalista e autora do livro ‘Neurociência e Educação’
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