Rio - Números divulgados no fim de 2013 pela Agência Internacional para a Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), órgão vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que há ainda muito trabalho a ser feito quando o assunto é combate ao câncer de mama. Segundo o relatório, as mortes decorrentes da doença cresceram 14% entre 2008 e 2012. Impressiona ainda mais saber que foi a maior alta entre todos os 28 tipos de câncer então pesquisados.
Esses dados ratificam a necessidade de os governos investirem em campanhas de prevenção, visando, especialmente, ao diagnóstico precoce. Não há nenhuma novidade nisso; quanto mais cedo a doença é diagnosticada, maiores são as chances de cura, além de determinar menor custo à saúde pública. Porém, resultados só são alcançados se a prevenção é efetiva. No Brasil, por exemplo, há anos existe forte campanha de divulgação do autoexame. Apesar de desempenhar um papel dentro do combate ao câncer de mama, há estudos que concluem que o autoexame não é a maneira mais adequada de se fazer o rastreamento desse tipo de tumor.
Quando a mulher apalpa as mamas e consegue sentir um carocinho, ele, em geral, não está mais nos estágios iniciais (pois já é palpável). Além disso, o autoexame pode levar mulheres à falsa sensação de estarem saudáveis quando nada é sentido no toque, mas, na verdade, não sentir anomalias não significa a ausência de nódulos.
É importante alertar que somente através de exames de imagens específicos, como a mamografia, é possível localizar lesões ainda não palpáveis e assim realizar o tratamento adequado, que pode levar à cura. Infelizmente, a falta de informação é um dos principais fatores que afastam mulheres de exames preventivos, o que provoca as elevadas taxas de mortalidade. Nesse sentido, deve-se, cada vez mais, investir em campanhas que expliquem a necessidade de ida periódica a um médico e a importância da realização dos exames imagem.
Além da informação, para prevenir uma doença que mata mais de 12 mil mulheres por ano no Brasil, são necessárias ações relacionadas à incorporação de tecnologias adequadas, não só nos grandes centros, mas também para as cidades do interior do país, seja através de investimentos públicos e privados ou parcerias entre os dois setores.
Ana Claudia Rodrigues é radiologista do Centro de Medicina Nuclear da Guanabara