Por tamyres.matos

Rio - Em nenhum outro continente houve mudanças tão significativas quanto na América Latina e no Caribe. A 2ª Cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe), reunida em janeiro, refletiu esse processo renovador e os desafios que se apresentam aos 33 países — com 600 milhões de habitantes — que integram o organismo, criado em dezembro de 2011.

A Celac condenou o bloqueio dos EUA a Cuba; apoiou a soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas; e respaldou a independência de Porto Rico e seu posterior ingresso no organismo.
Com a Celac, o continente iniciou seu percurso por um caminho próprio. A América Latina e o Caribe atingiram, enfim, a sua maioridade. Muitos fatores contribuíram para esse avanço.

Primeiro, a resistência, a persistência e a permanência da Revolução Cubana. Veio, em seguida, a vitória de candidatos identificados com as demandas populares, em especial dos mais pobres: Chávez, Daniel Ortega, Lula, Bachelet, Kirchner, Mujica, Correa, Morales, etc.
Mas existem muitas dificuldades a serem enfrentadas. Nessa economia globalizada e hegemonizada pelo capitalismo neoliberal, a crise de moedas fortes, como o dólar e o euro, afetam os países do continente. Embora haja avanços no combate à extrema pobreza, ainda hoje a região abriga 50 milhões de miseráveis, e a desigualdade social cresce.

Nos países da Celac, a histórica dependência de suas economias ao mercado externo dá indícios de uma crise que tende a se agravar. Não basta ter discursos e políticas progressistas se não encontram correspondência e adequação nos programas econômicos. E nossas economias continuam sob pressão de países metropolitanos; de organismos controlados pelos donos do sistema (FMI, Banco Mundial etc.); de um sistema de tarifas, em especial do preço de alimentos, injusto, e segundo o qual os lucros privados do mercado têm mais importância que a vida das pessoas.

Todos os governos progressistas que, hoje, se congregam na Celac sabem que foram eleitos pelos movimentos sociais e pelos segmentos mais pobres, que constituem a maioria da população. À proposta de Raúl Castro, de combater a miséria, a fome e a desigualdade, eu acrescentaria a urgência de também combater a ‘pobreza de espírito’ e saciar a ‘fome de beleza’, cultivando metodologicamente nas novas gerações e nos movimentos sociais o anseio de construção de um mundo de homens e mulheres novos.

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