Rio - A agressão ao Santiago Andrade, cinegrafista da Band, tem alguns culpados e muitos cúmplices involuntários. Estes últimos são os organizadores de atos que têm o objetivo de provocar violência e todas as pessoas que legitimam estas ações. Não defendo governos e suas polícias. Seus excessos, arbitrariedades e crimes merecem o mesmo repúdio, mas não é razoável utilizá-los para absolver a agressividade de manifestantes.
Mascarados adotaram um roteiro que ficou óbvio. Manifestações são pacíficas até o início de atos de depredação que geram reações da polícia. E tome de pedra pra cá, bombas de gás pra lá. Mais cedo ou mais tarde alguém seria morto ou acabaria numa UTI. Apesar disso, passou a existir uma certa romantização daqueles que utilizam a tática black bloc (eles não se dizem um movimento, mas uma forma de luta).
Setores importantes da sociedade saíram em defesa dos BBs. Numa absurda manipulação de fatos, negam que eles, os mascarados, sejam responsáveis pela deflagração de conflitos. Ao promover a violência, manifestantes criminalizavam os próprios atos, mas, para seus defensores, as manifestações é que eram vítimas de uma tentativa de criminalização.
Professores grevistas e seu sindicato foram solidários aos black blocs. Então diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, Ivana Bentes detectou a formação de “uma guerrilha popular de combate aos poderes nas ruas”. Ainda escreveu que seria “inútil e simplista dividir os manifestantes entre ‘vândalos’, ‘mascarados’ e os manifestantes pacíficos”.
Diante das agressões a repórteres por parte de manifestantes, a diretoria do Sindicato dos Jornalistas preferiu fazer política e tergiversou. Priorizou a condenação à violência contra os colegas que era cometida por PMs e, de certa forma, justificou o ódio e a hostilidade contra os profissionais. Afinal, eles trabalhavam em empresas que, segundo a entidade, manipulam e censuram informações. A ressalva, feita em notas, de que os repórteres não eram culpados pelas tais distorções do noticiário não apagava a legitimação da raiva.
Claro que as pessoas e entidades aqui citadas não desejavam a agressão ao Santiago. Mas é preciso ressaltar que a leniência com atitudes criminosas deu aos mascarados respaldo, força e representatividade. Condenar a violência dos BBs demonstraria responsabilidade, não um apoio à Copa ou ao aumento das passagens. Agora, diante da tragédia, é preciso que muita gente repense seus atos: é a velha história, passarinho que acompanha morcego acorda de cabeça pra baixo.