Por thiago.antunes

Rio - Lendo um artigo sobre demografia, chamou-me a atenção o fato de Alemanha, Dinamarca, Canadá, Suécia e Japão estarem estudando o impacto do óbito aos 150 anos em suas respectivas previdências sociais. O Brasil não está dormindo no ponto: avalia a pressão da morte aos 120 anos ainda neste século sobre o INSS.

Por outro lado, estamos com queda nos índices de natalidade. No Brasil, mesmo as regiões Norte e Nordeste apresentam redução significativa do índice de fertilidade das mulheres e, mesmo com precariedades na Saúde, a mortalidade infantil vem caindo, e a longevidade, aumentando.
Estas observações justificam as estatísticas que podem causar espanto quando são apresentados pelo IBGE os índices de matrículas no Ensino Básico, o aumento de crianças procurando a Educação Infantil e um ligeiro aumento dos analfabetos.

Em primeira mão, é algo intrigante. Por que, mesmo diante da queda dos nascimentos, temos maior procura pela Educação Infantil? Fácil responder. Simplesmente era inexistente. Há cinco anos, apenas 38% das crianças brasileiras frequentavam as escolas de Educação Infantil e creches. O aumento da oferta, até pressionada pelo emprego farto, permitiu a maior procura.

Mas continua altamente intrigante a questão do aumento dos analfabetos. Também não é difícil explicar: no Brasil, a metade dos analfabetos concentra-se no grupo com idade acima dos 50 anos. Este grupo, conforme previsão de 15 anos atrás, deveria ter diminuído muito mais. No entanto, apesar dos problemas com saúde pública e infraestrutura sanitária, os idosos sobrevivem.

Se não continuarmos a combater o analfabetismo nessa faixa, podemos continuar investindo e diminuindo o analfabetismo entre os mais novos e permanecendo com grande resistência entre os idosos. A outra questão é a ligeira queda de matrículas no Ensino Básico. Explica-se pela queda da natalidade. Não há mais oferta de crianças como em décadas passadas.

Eis um dado importante que leva à reflexão sobre a liberação de espaços físicos que permitirão a implantação de escolas de tempo integral. Aliás, sobre este aspecto, o percentual de crianças estudando em tempo integral vem aumentando. Olhares abrangentes sobre um artigo despretensioso podem levar os administradores da educação a repensar estratégias.

Hamilton Werneck é pedagogo e escritor

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