Por bferreira

Rio - Balanço divulgado ontem pela Polícia Rodoviária Federal sobre acidentes nas estradas nos seis dias de Carnaval assusta a sociedade e acende o sinal de alerta para a necessidade de campanhas mais eficazes e duradouras no combate à violência sobre rodas. Embora levantamento feito aponte para ligeira queda das vítimas, o número de mortos ainda é aterrador: 155 pessoas perderam as vidas, contra 157 óbitos no ano passado. Utilizou-se de matemáticas para tentar maquiar a estatística, levando-se em consideração o aumento da frota. Ainda que o número relativo tenha caído, o absoluto segue inaceitável. Que se use de contas para mostrar outro dado preocupante: foi uma morte por hora no feriado.

O mais assustador é que a causa para o descalabro continua a ser velha conhecida: a imprudência dos motoristas, na maioria esmagadora dos casos. É bom que se frise também que o tamanho da tragédia no asfalto pode ser maior ainda, haja vista que só estão contabilizadas as ocorrências nas estradas federais, estando de fora as estaduais. Em todo o país foram registrados 3.201 acidentes, com 1.823 pessoas feridas, entre 0h de sexta-feira e 0h de ontem.

São números que recolocam o país na lista dos que mais matam nas estradas em todo o mundo e jogam por terra todos os esforços para aquisição de novas tecnologias e para o aumento da fiscalização no trânsito. São medidas necessárias, mas inócuas sem o imperioso investimento na educação ao volante.

Além disso, a impunidade é outra aliada para índices de óbitos tão vergonhosos nas rodovias. Apesar de avanços como a implantação da Lei Seca, nossa legislação ainda é frouxa contra infratores contumazes. Filigranas jurídicas permitem que condutores flagrados bêbados e que atropelaram e mataram deixem a cadeia em pouco tempo por força de habeas corpus, por exemplo. É preciso um choque tão forte quanto foi a vinda do último Código de Trânsito: que se aumente o valor das multas e se moldem os condutores desde a infância.

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