Rio - No início de fevereiro estimou-se que o Rio ganharia R$ 2 bilhões com a movimentação neste Carnaval. Cifra impressionante. Passada a festa, porém, constata-se que o feriado não vai render tudo o que poderia para a cidade. Muito provavelmente o turista estrangeiro que escolheu o Rio para brincar não voltará nunca mais. E não é culpa apenas das lastimáveis montanhas de lixo acumuladas nas ruas. A greve dos garis e a imundície dos cariocas foram o elemento mais visível de um Carnaval repleto de erros.
Observaram-se graves problemas na mobilidade urbana. Neste 2014 eivado de obras e de interdições, os bloqueios para a festiva passagem dos blocos tornaram impraticável deslocar-se na cidade em alguns horários. E os transtornos atingiram impiedosamente quem tentava chegar ao Rio — ou sair dele, já que as estradas para a Região dos Lagos pararam num pantagruélico engarrafamento. Na Rodoviária Novo Rio, muito prejudicada pelas intervenções no Porto Maravilha, paredão de ônibus travava os acessos, comprometendo a grade de horários e prejudicando milhares de passageiros. No Aeroporto Internacional Tom Jobim — que inadmissivelmente ainda não é servido por um bom transporte de massa —, o entupimento do Centro fez minguar a oferta de táxis.
O planejamento de transporte para os blocos também decepcionou. O metrô insiste num esquema caótico com poucas bilheterias, muitas filas e desinformação. Os ônibus pareciam não atender quem saía dos desfiles, partindo lotados, com foliões espremidos. No Centro, cada agremiação na rua impunha a motoristas longa espera num trânsito pior que o da hora de pico.
Não se trata de tirar a espontaneidade do Carnaval — qualidade que só fez destacar a festa do Rio, democrática, acessível e plural. Mas este que passou não deixará saudades, pois falhou na organização, comprometendo e muito a imagem da cidade e irritando quem escolheu o Rio para se divertir.