Rio - O Centro do Rio ganhou esta semana 20 estações de aluguel de bicicletas. A novidade fora anunciada no fim do ano passado, quando do detalhamento das interdições na região, e tida pelas autoridades como uma das válvulas de escape para salvar vias da saturação, como as avenidas Rio Branco e Primeiro de Março. A ideia da prefeitura era interligar o Centro ao Aterro do Flamengo. Na inauguração dos pontos do Bike Rio, o prefeito Eduardo Paes prometeu expandir o sistema para a Grande Tijuca, criando corredor semelhante ao que já existe na Zona Sul. Ideia que poderia revolucionar o transporte.
Apesar das estações, algumas ciclofaixas ainda não foram delimitadas, o que levou o próprio prefeito a admitir ser “arriscado” deslocar-se de bicicleta pelo Centro, uma selva de ônibus, carros e motos que disputam cada centímetro das congestionadas vias. Os engarrafamentos potencializam o perigo de pedalar num país onde ciclistas são praticamente alvos de abate, tamanho o desrespeito dos motoristas com os simpáticos e não poluentes veículos de duas rodas.
Não se trata, portanto, de só pintar as tais ciclofaixas. A adesão dos cariocas a este meio de transporte só será expressiva se vier com garantias de segurança — e em todas as acepções possíveis, pois ainda há o banditismo que fere e mata qualquer um por qualquer bicicleta, seja de marca ou não. Dá trabalho, pois requer vigilância permanente e um ágil sistema para multar infratores.
Na semana em que se chora a morte de três crianças, atropeladas por um ônibus, é vital que se invista em ciclovias, bicicletas e conforto a quem se desloca com elas. O Rio não pode deixar que seu trânsito se deteriore em engarrafamentos que só trazem prejuízo e em comportamentos quase animalescos de motoristas — sem falar no estado deplorável dos ônibus, a despeito de uma renovação que demora uma eternidade para ser concluída. Dotar o Centro de bicicletários, porém, é o primeiro passo para uma mobilidade mais cidadã.