Rio - Dentre as mazelas que corroem o sistema penitenciário, a frouxidão no controle do que entra e do que sai dos presídios é a mais sensível — e parece haver esforços de menos para conter esse vazadouro. O DIA mostra hoje o ‘sumiço’ de 250 armas do Complexo do Gericinó, o maior complexo de prisões do estado. O provável desvio é falta tão grave quanto a livre entrada de celulares e de drogas e a concessão de regalias a internos.
Impossível, neste episódio, descartar a participação de agentes. Não há negligência ou desleixo que justifiquem um desfalque tão expressivo. O sumiço das 250 armas desnuda a corrupção dentro das cadeias, mal tão enraizado quanto insolúvel. Na mesma linha, é difícil negar a existência de vista grossa diante de pecadilhos como o disque-sequestro e golpes que tais.
Há um esforço para moralizar as cadeias. O estado se empenha, por exemplo, em afastar do Rio as lideranças do tráfico, o que ajuda bastante na desarticulação do crime organizado. Mas todo esse avanço é comprometido pela ausência de controle. Não se tem a menor ideia de onde estão as armas — que podem estar ainda dentro do presídio, mas em mãos erradas.
A lista de ajustes no sistema carcerário é imensa, a começar por uma remuneração justa para os agentes, garantia de segurança e condições dignas de trabalho. Depois, há que se observar o papel da cadeia, que no Brasil todo carrega a nada positiva imagem de amontoado de gente. O desaparecimento das armas só confirma a necessidade de mudanças, que são urgentes.