Por thiago.antunes

Rio - A ocupação das favelas do Complexo da Maré pelas Forças Armadas em substituição à Polícia Militar marca mais uma etapa da guerra do Rio contra o crime organizado. As ações de troca das forças transcorreram pacificamente, e a expectativa é que os 2.500 militares que passaram a vigiar um dos antigos redutos mais violentos da cidade garantam a paz a milhares de moradores que durante décadas viveram sob signo do terror imposto pelo tráfico. Mas o estado precisa preparar melhor o terreno para a pós-ocupação das tropas.

A intervenção federal é uma medida de emergência e tem prazo de validade. É uma rápida resposta à ousadia das quadrilhas nos recentes ataques orquestrados às UPPs, que assustaram a comunidade internacional, num momento em que a cidade se prepara para receber milhares de visitantes para a Copa do Mundo. No entanto, para a população, a esperança é de que o patrulhamento ostensivo, nos morros e no asfalto, não seja só para o estrangeiro ver. Há que perdurar além dos megaeventos esportivos.

Para isso, é fundamental que se reavalie, urgentemente, a política de segurança, centrada nas ações de policiais militares das unidades pacificadoras. Após cinco anos de ocupação, comunidades ainda clamam por serviços básicos, como saneamento, saúde, educação, coleta de lixo, entre outros, prometidos pela tal invasão social que não aconteceu. Ações de inteligência, que levem à prisão de bandidos, evitando a fuga para outras regiões, e de investigação, para que eles não voltem a atuar nas áreas ocupadas, são outros reclames.

A revisão desses pontos é crucial para a correção de rumos e o revigoramento das ocupações nas favelas pelo estado. O socorro das tropas é muito bem-vindo. Mas a cidade precisa caminhar com suas próprias pernas para garantir segurança a toda a população o ano inteiro. Do contrário, a Copa, os turistas e as tropas passam e a bandidagem volta.

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