Por bferreira

Rio - Sucesso, use com moderação. A frase dita por um amigo é bem aplicável a todas as celebridades e a qualquer um que aspire à fama. Mas tem gente que sabe fazer do limão uma limonada aditivada e usar a vitrine em causa própria como ninguém. E não falo de gente de talento inquestionável à primeira vista, de visionários, mas de quem já surge sob a ótica do preconceito e dribla isso com — como não aproveitar essa? — jogo de cintura.

Falo de Valesca Popozuda. A ex-frentista que vi na Sapucaí há uns anos com a coxa mais grossa que a cintura de Gisele Bündchen, como descreveu a revista ‘Época’. Isso foi há muitos verões, e a notícia do Carnaval naquele ano é que ela pagara caro, com cachês de seus shows (originalmente ela era de um grupo), sua fantasia e lugar de destaque no desfile. O corpo enorme coberto por purpurina dourada desbancou várias fantasias milionárias no quesito ‘notícia’. Parece que nasceu marqueteira.

Pula para este verão, e a cantora tem um vídeo com mais de 22 milhões de visualizações no YouTube, personal stylist para “limpar” visual sem perder o short como marca registrada (como mostrou nosso O DIA D) e vai parar como referência pop na página oficial de Dilma Rousseff no Facebook (charge da presidenta dando ‘Beijinho no Ombro’, nome da música de Valesca, comemorava 350 mil curtidas na rede social). A cantora não perde uma: é virar notícia e ela mesma repercutir, no dia seguinte, gerando notícia em cima de notícia. E, assim, até se explica direito, aproveitando a fama para falar coisas úteis, defendendo as mulheres. “Feminismo é lutar pela igualdade. Lutar pela mulher, sei o que ela passa. O homem pode tudo. É o garanhão”, disse. Se não desandar, vai bem. Pois, sem a hipocrisia dos ‘cultos’, aproveita as chances como palanque.

Ontem não foi diferente. Virou polêmica por ter sido citada numa questão de prova de filosofia, em Brasília, como “grande pensadora contemporânea”. O termo, segundo o professor que elaborou o teste, não foi colocado entre aspas por ele acreditar que a funkeira tem influência sobre a sociedade. E enquanto todo mundo achou um absurdo o uso da letra de ‘Beijinho no Ombro’ na múltipla escolha (realmente não tinha o menor sentido), o que ela fez? Deu a resposta certa, inclusive questionando se uma das causas de ter sido incluída no exame não teria sido brincadeira do docente para chamar a atenção. E aproveitou para defender melhores condições de trabalho para os professores. Por fim, disse que não se considerava pensadora, mas que ia estudar para isso e até ler Machado de Assis. Sucesso total. Sem moderação.

E-mail: karlaprado@odia.com.br

Você pode gostar