Por bferreira

Rio - Existe um consenso de que a Educação deveria, sim, ser a prioridade número um no país. Mas o que se vê é a qualidade precária, para dizer o mínimo, da Educação a quem será o futuro do Brasil. Qualquer exame comprova a quantos anos-luz estamos do que é preciso para suprir as enormes lacunas de hoje.

E como já não bastassem os inúmeros equívocos que circundam o segmento no Brasil, mês passado tivemos mais um fator negativo: o baixo incentivo para a Educação no Imposto de Renda, cujo prazo para declarar termina dia 30. Os gastos dos brasileiros para manter um filho em colégio particular só podem ser descontados em até R$ 3.230,46 no IR 2014, ano-base 2013. Não que seja lá novidade, mas, especificado e comparado com os dados de outras nações, deixa, mais uma vez, sensação de tristeza e de falta de esperança. Para se ter ideia, em outros países os incentivos são bem maiores: o valor para dedução é o dobro nos EUA (US$ 4 mil) e integral em vizinhos latino-americanos como Peru, Paraguai e Venezuela. Um desastre para quem optou pela Educação privada diante do caos da pública.

A diferença entre o que se investe e o que pode ser abatido em Educação por uma família hoje é gritante. Não precisamos ter Bacharelado em Economia para perceber que existe um erro inadmissível do Fisco, que literalmente dá as costas para a Educação. Sem falar que as despesas com livros, aulas de inglês e informática são dedutíveis em diversos países, o que não ocorre por aqui. No México, até o transporte escolar pode ser abatido do que você tem a pagar ao Leão. Na Alemanha, chega a ser 342% maior (US$ 7.679,98), já levando em conta o custo de vida em cada país — nessa regra, a dedução brasileira seria de US$ 1.735,94, enquanto, na Índia, o desconto com Educação chega a ser 176% maior.

Especialistas defendem o aumento do limite da dedução — que foi criado em 1964 e que representava 20% da renda bruta — ou mesmo sua retirada, como ocorreu com as despesas com saúde. É uma situação que precisa ser repensada com extrema urgência, pois dois meses de mensalidade em colégios particulares do Rio cobrem a dedução do IR para um ano inteiro.

Portanto, investir na Educação pública torna-se prioridade para garantir um futuro melhor para as nossas gerações. Para que isso seja possível, é fundamental, em primeiro lugar, que tenhamos Educação de qualidade para nossas crianças e jovens, que pode ir muito além da metodologia aplicada rotineiramente em sala de aula. Nesse contexto, julgo importante trazer novamente para discussão um tema que era aplicado nos Cieps e foi referência no país: a educação integral nas escolas. O momento da discussão é agora. Quem sabe poderemos dizer como o mestre Darcy Ribeiro colocou: no começo da verdadeira “revolução na educação pública do país”.

Cláudio Aranha é administrador e professor

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