Por felipe.martins

Rio - A essa altura restam poucas dúvidas quanto à inevitabilidade de uma grave crise na economia nacional. A conjuntura internacional em nada ajuda, e temos problemas locais complicados nas contas públicas, na ordem interna e no ‘clima’ para se investir. A lucratividade de nossas empresas vem caindo e, consequentemente, os investimentos em qualidade e produtividade de nossa indústria e nossos serviços.

Os reflexos da crise são sentidos pelas cidades, sendo que, no caso do Rio, a área do petróleo tem representado um polo gerador de empregos, assim como o turismo, em função da Copa e das Olimpíadas. Mas existe um mundo após estes eventos.

As grandes transformações por que passa a capital, cujo ritmo não pode sofrer queda de continuidade, ofertam centenas de milhares de metros quadrados de novas construções — habitacionais, hoteleiras ou comerciais —, especialmente no Porto Maravilha. E não podem ficar ociosos, inclusive por se tratarem de obras de ponta em termos de tecnologia. O Rio precisa acrescentar logo polos, já que o de óleo e gás está fixado, mas pouco crescerá.

A prefeitura e o governo do estado precisam apresentar logo um pacote de iniciativas que podem bem aproveitar a nova mobilidade urbana, acessos rodoviários e aeroportuários, os portos de Sepetiba e do Rio, os centros de tecnologia e pesquisa, a mão de obra altamente sofisticada no mercado financeiro, os avanços da medicina privada. O Rio poderia voltar a ser a base de câmbio do Banco Central, inclusive num mercado off-shore previsto na abertura de contas em divisas para nacionais , incluindo uma anistia semelhante à que Portugal acaba de fazer com sucesso e que a Itália fez há cinco anos.

Um vigoroso calendário de eventos, sejam corporativos, culturais ou do show business, espalhado pelos meses de baixa ocupação hoteleira, consolidaria a oferta, quer seja em novas unidades ou na reforma da atual rede, com alguns hotéis que pedem obras de modernização. A oportunidade, inclusive, é esta, já que, no momento, ocupa a Secretaria Estadual do Turismo um jornalista de turismo com mais de 20 anos de larga experiência, Claudio Magnavita.

E este vem montando uma equipe do mais alto nível, sendo exemplo recente a incorporação de Reinaldo Paes Barreto, homem da promoção comercial, jornalista, que dirigiu o setor de eventos de empresas do porte da Sousa Cruz, do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil, nascido na diplomacia e com invejável milhagem internacional. Criatividade para fixar um calendário de eventos sólidos, não apenas para os 450 anos da capital, ano que vem, mas permanentes, existe; falta apoio da União, que regula certas atividades. Até uma cidade da presença no turismo como Paris tem meia dúzia de eventos como os salões da moda, do automóvel e da gastronomia, que lotam seus hotéis e locais próximos.

Muito se fala nas vantagens do entrosamento do município, estado e União em termos políticos. Agora é a hora decisiva de se mostrar, de forma concreta, com atos objetivos, esta vantagem.O Rio agradece.

Aristóteles Drummond é jornalista

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