Por felipe.martins

Rio - É possível enxergar um paralelo entre as recentes manifestações de justicismo que varrem o país e os resultados da pesquisa que o Instituto Gerp elaborou a pedido do DIA, publicados no início desta semana. Julgamentos sumários e agressões sem a menor chance de defesa do ‘condenado’ condizem com uma sociedade que despreza a Polícia Militar, alega não ser representada por nada ou ninguém e ainda esnoba a imprensa. Rumo perigoso para qualquer nação.

O estudo do GERP chegou a uma classificação onde PM e a Justiça vêm empatadas em último lugar. Não muito longe destas aparece a Guarda Municipal. Os mais bem colocados são a Polícia Federal e o Bope. Uma das explicações para essa avaliação, explicou João Tancredo, advogado e presidente do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos, decorre do fato de que a PF e a ‘Tropa de Elite’ não estão na linha de frente das demandas da população. Já militares e magistrados, como lidam cotidianamente com o povo — com todas as mazelas, como erros, lentidão e injustiças —, recebem dele a avaliação mais severa.

Esse forte descrédito nas instituições explica, mas jamais justifica as recentes atrocidades. Incluem-se aí os linchamentos da dona de casa de Guarujá condenada por magia negra e da manicure de Barueri, suspeita de furto — fora o menor acusado de roubo preso nu a um poste no Flamengo.

Essa onda de intolerância e de violência precisa cessar. Onde as instituições que sustentam e representam o Estado — com direitos iguais e plena justiça para todos — são rechaçadas, reina a barbárie. A polícia tem de continuar buscando aperfeiçoar-se, mas a sociedade, em vez de romper de vez com os homens da lei, tem de direcionar suas energias a convocá-los e legitimá-los.

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