Rio - Menos de um ano depois de eleger a maioria socialista, a França dá esmagadora vitória ao partido de direita Frente Nacional, tendo em segundo lugar o partido de centro UMP e, em terceiro, o Socialista do presidente, François Holande, nas eleições de domingo para o Parlamento Europeu. Já Portugal, que vem apresentando bons resultados na superação da crise econômica, votou na oposição e deu maioria aos socialistas. Cada país com posição diferente, embora em seu conjunto a Europa tenha votado pelo centro conservador, que sustenta a União Europeia.
No entanto, o que tem acontecido pelo mundo nas recentes eleições são manifestações de descontentamento com a classe política, sendo que os escândalos de corrupção atingem quase toda a Europa e a América Latina. A nova potência econômica, a China, também vive um clima de descontentamento com os casos de corrupção. Nada de diferente do que acontece no Brasil.
Os mecanismos de defesa do dinheiro público têm se mostrado insuficientes, e não resta dúvida de que o Judiciário colabora com a impunidade, aplicando de maneira tolerante a legislação ou pela via de sua incorrigível morosidade. Nenhuma ideia de se criarem tribunais especiais, ou turmas especiais nos tribunais existentes, para dar celeridade aos processos de desvios de recursos públicos. A população pede também um pronunciamento dos políticos, sejam eles governistas ou oposicionistas, uma vez que os casos mais graves incluem facções políticas diferentes.
As manifestações de impaciência estão nas greves que se multiplicam e em protestos que nem sempre se justificam. E os prejudicados são os mais humildes, de vida já sofrida, que manifestam uma grande preocupação com a normalidade no cotidiano do país. Afinal, os trabalhadores é que precisam do emprego, da economia crescendo, da ordem nas ruas. As classes mais favorecidas são as menos afetadas.
Não há como se negar que a opinião pública esgotou sua capacidade de entender e prestigiar protestos. Percebeu que os movimentos acabam manipulados e infiltrados pelos baderneiros de sempre. A maioria aspira à paz, ao controle da inflação, que já afeta a vida das famílias, ao exercício democrático pela via eleitoral. O perigo reside no terreno fértil para a pregação demagógica, na intolerância e na desordem.
O Brasil caminha para eleições importantes. A campanha precisa ser de alto nível, envolver mais o debate sobre caminhos na busca da prosperidade com liberdades asseguradas, e não nas acusações pessoais, muitas das quais fantasiosas.
O crescimento da economia mundial nas últimas décadas trouxe melhoria de índices sociais, mas também da capacidade de reivindicar das massas. O processo que vivemos pede muito bom senso, equilíbrio, autoridade e austeridade.
Aristóteles Drummond é jornalista