Rio - Eu sempre gostei de futebol. Na verdade, minha primeira memória de torcedora remota aos 3 anos de idade. Meu pai tinha um time de futebol de salão, em Juiz de Fora. Chama-se Iara — Instituição Atlética de Rapazes Amadores. Ele era o idealizador, o técnico, o descobridor dos jovens talentos universitários, que hoje em dia estão aí na vida como desembargadores, juízes, advogados, locutores, dentistas. O Iara foi o primeiro time a jogar no Maracanãzinho. Aprendi a torcer e a gostar de futebol naquela época, vestindo vestidos de organdi, que minha mãe fazia como ninguém.
Gostar de futebol é tão natural pra mim que nunca discuti isso na análise, nem precisei. Está tudo lá, mais que provado nos meus muitos álbuns de fotos de menina, nos gritos que dei naquela época e que ainda estão na minha memória adulta e que dou ainda hoje, às vezes acompanhados de palavrões, dos quais, diga-se de passagem, nem me envergonho e talvez por isto veja jogos sozinha, para evitar constrangimentos alheios.
Gosto deste tal de futebol. Não gosto só na Copa, como costumam se orgulhar as mulheres. Gosto o ano todo. Sofro o ano todo. Em todas as divisões, porque tenho meus preferidos em todas as séries. Ou quase todas. Sou Tupi, de Juiz de Fora, na série C, e quase morri de ódio quando aquele massagista safado entrou em campo para prejudicar meu time. Sou Flamengo por conta do grande Dida, o Zico da minha infância. Quando me mudei para Belo Horizonte, na chamada pré- adolescência descobri o Atlético e, em dias, já estava apaixonada. É bem verdade que os textos do cronista Roberto Drummond ajudaram esta paixão crescer e os jogos pela TV ocuparam definitivamente minhas tardes solitárias na cidade desconhecida.
Por conta disto me deixo ocupar, com prazer, com as partidas transmitidas via TV. Por conta deste gostar ou destes gostares, às vezes fico muito irritada com narradores que visivelmente, na minha visão, preferem times paulistas. Quanto a Copa, leio nas redes sociais gente dizendo que vai torcer pela Argentina. Sem chance. Com todas as coisas erradas, com todas as reivindicações em curso, algumas justas, outras estranhas ao meu entender, uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa. Me emocionei muito com a excelente série do repórter Tino Marcos para o ‘Jornal Nacional’ pela competência dele e pela vida dos nossos jogadores. E vou seguir gostando de futebol. Aqueles 15 minutos finais, no último sábado, entre Real Madri e Atlético de Madri reforçaram minha paixão. E aquele menino alegre, talentoso e simpático, chamado Marcelo? Um luxo brasileiro. Sou fã deste carioca.