Por bferreira

Rio - ‘Mamãe, é às oito! Marquei com Cauã, Chris, Karina e Luisa e ainda tenho que comprar a roupa que vou usar!’ A frase ilustra bem o encontro do meu filho, Henrique, com os amigos em um ‘clube’ na web, depois de terem estado juntos, durante toda a tarde, na escola. Para além da necessidade de estreitamento das relações sociais, as crianças de hoje em dia inauguram processos comunicativos mais abertos, interativos e participativos. Tais fatos refletem, diretamente, nos paradigmas das relações sociais, no modo de produzir uma mensagem, ler alguma coisa, escutar uma música, escrever num chat, etc e etc. “Depois, preciso ajudar o Gabri a construir a casa dele!”, continuou Henrique, solidário ao amigo principiante na plataforma.

A premissa de que “o meio é a mensagem”, do sociólogo canadense Marshall McLuhan, se encaixa como uma luva nas mãos multitarefa dessa geração. Como não existem mais receptores passivos, as mais diversas interfaces comunicativas passam a justificar a própria geração. O impacto das tecnologias digitais na vida contemporânea já mostrou, com força suficiente, o enorme poder que elas têm. Fechar os olhos ou desligar telefones, tablets e computadores são ações, mas não cumprem mais o seu papel. O fascínio permanecerá.

O novo modelo de comunicação, bem mais envolvente e participativo, não elimina os modelos verticalizados, mas sinaliza como os mesmos precisam passar por grandes transformações. E essas mudanças já estão acontecendo a partir dos novos coautores e atores: os Henriques, Cauãs, Chris, Karinas, Luisas e tantos outros nativos digitais que formam a Geração Z.

Para conhecermos melhor o rosto e o coração das novas gerações, precisamos mergulhar nesse universo digital. Um pai que quer saber o que o filho está apreendendo vai precisar entrar no universo da linguagem midiática e compreender o modo como o filho percebe o mundo digital e interage com as tecnologias. Uma mãe que quer entender como o seu filho está se preparando para ser um cidadão vai precisar saber como ele ouve música, como interage e se relaciona em rede com amigos, amigas e desconhecidos.

As comunidades virtuais são elementos complementares para ampliação da comunicação real: estão justapostas, não em oposição. E aí? Vamos conectar? :)

Simone Ronzani é jornalista, mãe do Henrique, criadora do Recontando.com

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