Por bferreira

Rio - Os comerciantes admitem que o comércio, de modo geral, deu uma melhorada. Alguns deles até lançaram produtos nas cores do Brasil, na esperança de vender mais durante a Copa. Algumas ruas começam a se enfeitar, alguns carros levam bandeirinhas verde e amarela, alguns amigos já falam em se reunir para assistir aos jogos. Mas tudo é menor que antes, muito mais discreto do que nas outras Copas, quando a alegria parecia estar no ar e em cada um de nós.

Na verdade, é tudo tão diferente das outras Copas que nem parece que já vai começar, daqui a uma semana, nem parece que vai ser aqui. A televisão está fazendo o que pode para animar a festa, mas a festa não aconteceu, ainda, dentro de nós. O clima é meio de festa de Natal sem criança, onde tem tudo que lembra o Natal, mas não tem a mesma graça, nem a mesma leveza ou alegria que a criançada leva para a festa. Éramos tão alegres outro dia mesmo, tão comunicativos, tão eufóricos, ríamos da gente mesmo, tínhamos mais entusiasmo pelo futuro. Não sei se, de modo geral e coletivo, nós, brasileiros e brasileiras, amadurecemos ou deprimimos. Será que deixamos , sem querer ou querendo, as nossas queixas e mazelas crescerem mais que a esperança e a alegria? Ou será que a gente não era alegre coisa nenhuma, só disfarçava melhor? Ou será que é só uma fase, um tempo ,e que depois que passar o inferno astral ou o outono que vivemos ou o inverno, que ainda virá, a gente vai voltar a ser como antes? Dizem os estudiosos que o outono é um tempo mais introspectivo mesmo, um momento mais propício para nos reavaliarmos, uma época para pensar mais, para buscar no gengibre e na canela um reforço para nossa revitalização.

Mas que está esquisito está. Ou será melhor dizer que está diferente? Afinal, são tantos feriados de repente que a gente se perde na organização das nossas agendas para o mês inteiro. Tem tanta gente viajando ou partindo para outras rotinas que mais parece férias de final de ano. Tem muita gente planejando grandes compras nos supermercados para passar o mês inteiro em casa, meio hibernado, com medo que o movimento das ruas e principalmente dos carros nos tire do sério de vez. Temos sete dias para fazer tudo o que não faremos no próximo mês. Tudo tem que acontecer agora ou vai ser adiado para depois da Copa. É uma corrida maluca para esperar passar o evento. Ou para minimizar o evento na vida de todos nós. Estamos prontos para um momento diferente, às vésperas de viver um inédito final de ano no meio do ano. Tomara que seja bom. Ou como canta Alceu Valença: “Tomara meu Deus tomara que tudo que nos separa não frutifique, não valha, tomara meu Deus”. Tomara.

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