Por thiago.antunes

Rio - Há muito não tenho mais título de eleitor, pois de nada serve tal instrumento. Sendo obrigatório o comparecimento às urnas, pratico a desobediência civil, uma vez que não voto, não justifico, não pago um centavo que seja há várias eleições. São elas, na verdade, um circo comandado pelas grandes empresas que as financiam.

Depois de eleitos, os candidatos evidentemente terão que governar e legislar para quem os bancou. PT, PMDB,PSDB e PSB, os maiores partidos, estimam gastar mais de R$ 500 milhões segundo suas próprias informações, nada fidedignas, sendo que os outros também gastarão muito. Aliás, os partidos maiores têm mais propaganda mesmo nos horários gratuitos de rádio e TV.

Os candidatos e o TSE tentam convencer o povo da importância que as eleições realmente não têm. A população já descobriu ser jogo de cartas marcadas, de que de nada adiantam as eleições, uma vez que sempre ganha o capital, seja de que partido for. Por isso mesmo, muitos vendem o voto, trocam por pequenos benefícios, anulam, votam em branco ou simplesmente fazem como eu: não comparecem às urnas.

Nas últimas eleições, apesar de toda a propaganda indutiva e coercitiva — autêntica lavagem cerebral ao comparecimento eleitoral — dos 136 milhões aptos a votar, 29 milhões se abstiveram, 6,1 milhões anularam, 3,4 milhões votaram em branco, perfazendo quase 40 milhões de votos inválidos.

Agora, este número vai aumentar e muito, pois o PT faz o mesmo que os governos entreguistas do passado. Os partidos que se apresentam como aparentemente de esquerda e mais combativos (PSTU,PCB, PCO e Psol) na verdade apenas são a cereja do bolo, em nada influenciando a vontade dos dominantes, mesmo porque sabem que são consentidos para dar aparência de uma democracia que não existe. Movimentos sociais, o povo na rua, sindicatos dos trabalhadores combativos, esses é que poderão, nas mobilizações, trazer a mudança, a tão sonhada revolução.

Na verdade, para democratizar as eleições, o voto não deveria ser obrigatório; a escolha dos candidatos seria feita nos bairros; o espaço e tempo de propaganda seriam iguais, inclusive para voto nulo e abstenções; fim da indicação de ministros pelo governo, com eleição direta para STF, STJ e TSE.

Em vez da atual forma antidemocrática de eleição, o povo deveria ser consultado através de plebiscitos para as questões que envolvam a soberania nacional e popular, como o fim dos leilões e a aplicação dos recursos do petróleo para a reforma agrária, urbana, da saúde e da educação; e para punir os torturadores do golpe terrorista de caráter fascista de 1964.

Esses plebiscitos acontecem de forma contumaz na Venezuela.Por fim, destituição, mediante votação,dos representantes que não cumprirem com as promessas de campanha. Ou seja,várias eleições pra valer, em vez do engodo do atual processo de ‘escolha’. O melhor é a desobediência civil: não vote!

André de Paula é advogado da Frente Internacionalista dos Sem Teto

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