Rio - O Brasil inicia hoje a arrancada rumo ao Hexa como um dos favoritos ao título de campeão mundial. Uma responsabilidade enorme de conquistar a taça na sua própria casa, diante dos olhos da torcida. Fora dos gramados, no entanto, o país tem um jogo importante para virar — e sem direito a acréscimos nem prorrogação: a violência no trânsito. Essa epidemia nacional, que mata mais de 45 mil brasileiros a cada ano, é movida sobretudo pela mistura irresponsável de bebida e direção.
Dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) apontam que 65% dos acidentes de trânsito são causados por motoristas que dirigem sob efeito de álcool. O entusiasmo nos dias de jogo do Brasil, portanto, não pode ser confundido com ‘vale-tudo’ ao volante. O consumo moderado de bebida alcoólica e o respeito às leis de trânsito são essenciais para evitar que a Copa do Mundo acabe em tragédia para motoristas e pedestres.
Essa atitude, aliás, é fundamental no dia a dia. No entanto, foi preciso uma legislação rigorosa, com reflexos no bolso do motorista, para conscientizar sobre os riscos de misturar bebida e direção. Sancionada há seis anos, a Lei Seca (e sua reedição em 2012) ajudou a reduzir as estatísticas de violência no trânsito, graças à fiscalização efetiva do poder público, associada à punição mais dura dos infratores.
Somente no Estado do Rio, 1,5 milhão de motoristas foram abordados desde 2009. Em março daquele ano, 20% dos motoristas que passaram pela operação tinham resultado positivo para embriaguez. Agora, cinco anos depois, o índice caiu para 7,9%. Houve ainda uma redução de 32% no número de mortes no trânsito.
Este é justamente o grande objetivo da Lei Seca: ajudar a salvar vidas. Não podemos aceitar que mortes ao volante sejam consideradas meras fatalidades. São atentados contra a vida, que demandam nossa capacidade de reagir. Para mudar este quadro, a prevenção e a reeducação dos motoristas ainda são as melhores respostas. A Copa do Mundo é uma boa oportunidade para começar a virar esse jogo.
Hugo Leal é deputado federal pelo Pros e autor da Lei Seca