Por bferreira

Rio - Um dos projetos que trancam a pauta da Câmara dos Deputados é o que institui o Programa Nacional de Educação (PNE), que estabelece metas e estratégias para o setor até 2020. Mais do que destrancar a ordem do dia, a aprovação desse projeto significa desobstruir um dos maiores gargalos econômico-sociais do país, que é a falta de políticas públicas para a Educação. Os jovens de 15 a 24 anos, que representam hoje 18% da população, estão, em grande parte, alijados do ensino de qualidade e do mercado formal de trabalho. Parte desse gargalo está relacionada à falta de investimento em inovação, área fundamental para tornar a indústria brasileira mais competitiva nos próximos anos.

O Índice Global de Inovação 2013 indicou que o Brasil alcançou o 64º lugar, perdendo seis posições no ranking mundial em relação a 2012. O país é o oitavo colocado na América Latina, atrás de Chile (46º), Uruguai (52º), Argentina (56º) e México (63º). De acordo com o estudo, o desempenho brasileiro foi ainda pior em itens importantes como instituições, investimento e pesquisa.

Os problemas começam na qualidade e nas condições de trabalho oferecidas. Apesar de algumas iniciativas já terem sido colocadas em prática, como é o caso do setor de petróleo — que vem recebendo inúmeros incentivos por apresentar grande capacidade de crescimento —, ainda faltam ações voltadas para a competitividade.

Um bom exemplo é o modelo implantado pela União Europeia, em 2010. Os países dobraram os recursos para pesquisa e desenvolvimento, direcionando o capital para os setores de maior competitividade. O resultado foi um salto tecnológico surpreendente e a criação de sistema que envolve governo, universidades e empresas.

Experiências como essa podem ser úteis para o Brasil. No contexto de globalização atual, somente teremos condições de oferecer mais e melhores empregos através do aumento da qualidade de nossos produtos e serviços. Para alcançarmos essa meta só há um caminho: aumentar o nível geral de educação da população. Nenhum país consegue alcançar níveis consideráveis de desenvolvimento sem investir em seus pilares básicos, e esse processo passa diretamente pelo cuidado com sua Educação.

No Brasil, alguns setores já ganharam atenção especial, mas ainda há muito a fazer. Todos os países bem-sucedidos industrial e economicamente são os que articularam as forças de empresas, universidades e institutos de pesquisa. Para chegarmos a resultados como inovação e desenvolvimento, somente com esforço e trabalho em conjunto.

Sérgio Malta é presidente do Instituto Empresarial Rio

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