Por bferreira

Rio - Sem dúvida, a vida no Rio ficou mais feliz com a Copa do Mundo. Há uma alegria no ar, nas calçadas, nas conversas que fazem a gente esquecer um pouco dos dias ou meses que antecederam a Copa. Claro que o clima vai pesar daqui a pouco com a volta da rotina, com as novas obras e com as novas manobras que infernizam a vida da gente. Mas uma trégua sempre ajuda. O encantamento dos turistas com a cidade faz com que a gente recupere um pouco ou muito o nosso próprio orgulho da beleza do Rio. Se a gente vai usar isto a nosso favor depois que eles se forem já é outro assunto. Mas o momento é muito bom. A catástrofe tantas vezes anunciada não aconteceu. Pelo menos não até agora. É bem verdade que a profusão de feriados ajudou muito. Todo mundo mudou sua rotina com medo do caos previsto. E isto ajudou . Mas o fato é que estamos mais alegres. Ou menos ácidos. Muitas coisas não deram certo ou deram totalmente errado como a festa de abertura da Copa. Pífia ou ridícula sem uma das melhores coisas que temos e fazemos que é a nossa música. A ausência do samba é injustificável.

Como é também inexplicável que não tenhamos música para cantar nas arquibancadas ou nas festas de rua. Falta repertório à torcida brasileira. Porque não pensamos nisto antes da Copa, não sei. Talvez tenha sido porque estava “combinado” que não iríamos gostar do evento. E no melhor da festa, recuperamos a alegria e só aí percebemos que tínhamos nos esquecido da trilha sonora, assim como o anfitrião desavisado se esquece de encomendar o gelo. O jeito, agora, é se contentar com o “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, que não é ruim, mas que também não levanta a torcida como deveria. Os preços mirabolantes ou surreais dos alimentos e bebidas também foram um ponto fora da curva, de norte a sul do país. As diárias dos hotéis chocaram turistas estrangeiros e nacionais.

Foram com muita sede ao pote. O susto dos quebra-quebra também foram outra bola fora. Outro susto constrangedor foi o número de gente acampada na praia e o número de “motorhomes” estacionados no Leme e em Copacabana. Surpreendida, a Prefeitura sacou bem ao levar a maioria para o Terreirão. A alegria e a descontração dos holandeses também surpreenderam. Aproveitaram a cidade com desenvoltura. Assim como muitos turistas que, ou por não terem a exata dimensão do perigo, ou por terem menos preconceito que a gente , subiram os morros e adentraram as favelas, sem cerimônia. A surpresa maior, entretanto, ficou por conta da mordida selvagem do uruguaio Suárez, no italiano Chiellini. E nem foi a primeira vez dele. Foi a terceira! Que medo! Do futebol deles e da torcida! O fantasma está de volta. E, agora, além da garra e da fome de bola, morde!

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