Rio - O que é o autismo? Como diagnosticar, o que fazer depois da confirmação? Essas são perguntas que muita gente faz em situações de suspeita da síndrome. Mas, se tudo parece difícil no primeiro momento, pode ficar ainda mais quando se consegue o diagnóstico. Na Baixada, por exemplo, existe apenas um escola municipal especializada: a Professora Mariza Azevedo Catarino, que fica em São João de Meriti e faz um louvável trabalho, dentro de suas limitações físicas atuais.
Nos outros municípios da região só temos os Centros de Atendimento Psicossocial (Caps), que estão com pacientes saindo pelo ladrão e não possuem especialização em autismo, condição sine qua non para obtenção de resultados. Não há neurologista em toda a Baixada.
Em Nova Iguaçu, existem ainda o Centro de Educação Especial Paul Harris, que atende jovens e adultos com todas as deficiências, incluindo autistas, e as salas de recurso em algumas escolas municipais, onde as crianças recebem atendimento educacional especializado no contraturno, o que não resolve o problema do autista.
O ideal é que cada município tivesse um centro de tratamento onde, ao se perceber que uma criança possui características que a coloquem no espectro (conjunto) autista, esta fosse encaminhada para o possível diagnóstico, intervenção precoce, tratamento médico e inclusão. A situação é tão complicada que não se tem estatística nem de quantos autistas temos no Brasil. Diante disso, como é que podemos ter ações de saúde, sociais e educacionais para eles?
O 2 de abril foi escolhido para lembrar essas pessoas do problema. Existem várias ações ao longo do mundo que chamam atenção para a causa, como a iluminação na cor azul no Empire State, em Nova York, e nas Cataratas do Niágara. Aqui no Rio, ilumina-se de azul o Cristo Redentor, e há passeata que acontece no domingo subsequente no Leblon. O azul foi escolhido pelo fato de haver maior prevalência da síndrome em indivíduos do sexo masculino.
A verdade é que o assunto ainda é pouco divulgado, e muitas famílias sofrem com seus filhos sem saber a quem recorrer e o que fazer. Já é hora das autoridades levarem mais a sério essa questão, investir mais no diagnóstico e tratamento para dar cidadania a essas crianças, jovens e adultos que nasceram com a síndrome. Hoje, todos passamos por uma via-crúcis, tendo que ir ao Rio buscar este diagnóstico, que na maioria das vezes demora anos, e neste caso o tempo faz muita diferença.
Marcos Paulo Andrade é pai do Autista Gustavo Lima de Andrade, 8 anos, e mora em Nova Iguaçu