Por adriano.araujo

Rio - Não é exagero dizer que é natimorta a ‘tentativa’ de recomeço da Confederação Brasileira de Futebol após o fiasco na Copa do Mundo. Longe de pré-julgar Gilmar Rinaldi, recém-entronado diretor de Seleções da milionária entidade. A despeito de possíveis — e desconhecidas — aptidões do ex-goleiro para gestão, é no mínimo suspeito entregar cargo tão estratégico a um agente de 14 jogadores, função abandonada de supetão no fim da semana, fato comunicado por um simples telefonema. Conflito de interesses dessa monta já seria suficiente para travar tal indicação numa organização séria.

Seriedade na CBF, porém, só se observa no tocante às finanças. Independentemente dos resultados em campo, contratos de patrocínio provêm caudalosas verbas. Há esforço também para perpetuar o status quo da cúpula, que ultimamente se ocupa de um culto aos perpétuos dirigentes, que erguem nababescas sedes e as batizam em auto-homenagem.

A Alemanha chegou ao tetra recomeçando do zero em 2001, após vexame no ano anterior na Eurocopa, eliminada na fase de grupos. A trajetória é conhecida por todos, incluindo reforço nas categorias de base — responsabilidade mais da DFB e menos de clubes —, planejamento estratégico de longo prazo e foco na excelência técnica individual e coletiva. Linha de pensamento que passa ao largo da CBF, a julgar pelo continuísmo explícito com a última contratação.

A história da seleção brasileira, que chega amanhã a 100 anos e ainda pode se orgulhar dos cinco títulos mundiais, merecia sorte melhor. Ao que tudo indica, será repetido o ciclo entre as Copas de 2010 e 2014, com troca de comando técnico no meio do caminho — sem alterações relevantes, a bem da verdade —, numa insistência em estilos ultrapassados de jogo e preparação canhestra. Para 2018, é bom lembrar, não cabe espaço para erros, pois há uma espinhosa eliminatória no caminho, com seleções que já assimilaram o duro aprendizado.

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