Por bferreira

Rio - É bastante perigoso o discurso dicotômico que eclode dos movimentos sociais em reação à prisão de duas dúzias de ativistas. Articulam-se num “Comitê Popular Contra o Estado de Exceção” e denunciam suposta série de arbitrariedades, contra as quais a única saída seria suplicar asilo político. Esses grupos acreditam viver numa ditadura, muito embora boa parte de seus integrantes jamais tenha testemunhado o regime, findo há praticamente 30 anos.

Definitivamente não se está num Estado de exceção, como vociferam os ‘midiativistas’. No auge despótico do governo militar, na vigência do Ato Institucional 5, não havia a ferramenta do habeas corpus — que já beneficiou a maioria destes presos —, e declarações como as que sustentam o ideário do “Comitê” eram reprimidas com detenções e até torturas ou sumiços.

Há um desvio de valor velado nessa história, em que perpassa uma impunidade seletiva. Os 24 presos seriam vítimas de uma sórdida conspiração do Estado, que teria cooptado polícia, Ministério Público, Justiça e imprensa. Julgam ter salvo-conduto para empreender luta armada, como se não houvesse espaço para diálogo. E bradam ser lesados por uma mídia manipuladora.

A mídia que o Jornal O DIA defende deve lutar contra as injustiças e contra a impunidade. Um país que manda para a cadeia envolvidos em escândalos de corrupção de proporções bíblicas, como parlamentares e ex-ministros, e avança para barrar fichas-sujas nas eleições está preocupado com o bem-estar e a segurança da população. Grupos que pregam quebra-quebra e enfrentamentos perdem a legitimidade — que se esvai com mais rapidez nessa vitimologia de pseudosperseguidos por uma ditadura que só eles enxergam.

Você pode gostar