Por bferreira

Rio - Possível cenário de estagflação, maligna combinação de crescimento pífio e escalada de preços, traz apreensão a economistas. A inflação dos números oficiais tenta há alguns meses romper o “teto da meta”, de 6,5% ao ano; mas há brasileiros que já sentem os efeitos corrosivos da perda salarial ante o custo de vida. Caso de moradores de comunidades carentes, como O DIA mostrou terça-feira. Pesquisa do DataFavela apontou que dois terços dos entrevistados admitiram ter dificuldades para pagar as contas. Um quarto está com o nome sujo. Esse quadro, embora fotografe apenas uma fração do todo, mostra a necessidade, por parte do governo federal, de um controle mais rígido de preços.

Favelas, sobretudo as pacificadas, sofrem ainda com a gentrificação, processo sistemático de encarecimento que expulsa os mais pobres — e que não necessariamente se reflete nos índices oficiais. Mas não são raras as famílias, no morro ou no asfalto, que perceberam altas abusivas, como em segmentos nos serviços. A inflação, sempre é bom lembrar, se alimenta da Lei de Gérson, a que versa sobre vantagens egoístas, ou o popular “farinha pouca, meu pirão primeiro”.

O problema é quando se pressionam os preços sem que haja crescimento sustentado da economia. Os mais pessimistas cravam que o PIB não avançará nem 1% neste 2014, principalmente por causa da atividade da indústria nos últimos meses. A equipe econômica garante que o mau desempenho é passageiro, atrelado a fatores externos, e promete alvíssaras para 2015. Ainda que seja assim, é preciso ajustar ainda mais os mecanismos para segurar a inflação. O Brasil felizmente está muito longe daquele cenário de insolvência e cifras galopantes com o passar das horas. Renda corroída, porém, é um sintoma sério que pode trazer consequências nefastas para esta instável economia.

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